A possibilidade de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas está cada vez mais próxima, mas mantém-se em aberto o dilema do pós-guerra em Gaza, com vários cenários incertos.
Conforme as negociações indiretas ente Israel e o Hamas se aproximam de uma fase crítica, o presidente dos EUA, Donald Trump, garantiu que espera um acordo final esta semana. No entanto, o silêncio sobre quem governará a Faixa de Gaza depois da guerra é ‘ensurdecedor’.
Esta questão, de acordo com a publicação ‘Euronews’, que se sobrepôs aos pormenores dos acordos de segurança e humanitários, mostra que o verdadeiro desafio não reside apenas no fim das operações militares, mas na determinação da identidade da autoridade política que irá gerir os assuntos de mais de dois milhões de palestinianos exaustos pela guerra e pela destruição.
No entanto, apesar da linguagem otimista de alguns dos principais responsáveis, há um sólido muro político: a ausência de um partido aceitável a nível internacional e local para assumir a administração de Gaza.
Telavive já deixou claro que não aceita a permanência do Hamas no poder ou em Gaza, considerando mesmo uma “linha vermelha”. Para o Governo israelita, qualquer acordo que deixe o Hamas no comando é um “fracasso estratégico”. Também os estados árabes – Jordânia, Egito ou Arábia Saudita – não querem o regresso do Hamas ao poder.
Mas retirar o Hamas de cena não abre automaticamente a porta a alternativas claras. A Autoridade Palestiniana, que é teoricamente a representante legítima do povo palestiniano, parece praticamente impensável como opção para assumir o controlo de Gaza após as tréguas.
Em primeiro lugar, porque está fisicamente ausente de Gaza desde 2007, sem que nenhum dos seus altos funcionários, incluindo o presidente Mahmoud Abbas ou qualquer chefe de Governo, tenha posto os pés naquele território desde a separação.
Em segundo lugar, Israel opõe-se a que a Autoridade Palestiniana assuma o controlo do enclave, considerando as suas políticas “fracas” e incapazes de controlar a situação no terreno.
Washington propôs “outros partidos palestinianos”, no entanto não especificou quais seriam esses partidos. A ambiguidade da posição americana reflete a ausência de um conceito prático que possa ser aplicado no terreno, tendo em conta uma realidade de segurança complexa, um tecido social frágil e a falta de confiança dos próprios palestinianos.
A possibilidade de enviar para Gaza uma força árabe ou internacional para supervisionar a gestão da fase de transição foi levantada em fases anteriores, mas não há clareza sobre a natureza dessa força e os seus poderes.














