“Responsabilidade não está em Bruxelas, mas cá dentro”: Durão Barroso culpa falta de reformas e Governos minoritários pelos travões na economia nacional

Antigo presidente da Comissão Europeia garantiu que a UE não vai avançar num futuro previsível para se tornar os Estados Unidos da Europa

Revista de Imprensa
Junho 12, 2025
10:36

“Com a mesma União Europeia, outros países – países da Europa Central e do Leste, na sua maioria – têm vindo a ultrapassar-nos”, indicou Durão Barroso, antigo presidente da Comissão Europeia, em entrevista à rádio ‘Renascença’, no dia que se celebra o 40º aniversário da assinatura do tratado de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE).

Isto, defendeu, devido a “questões de política interna ou de falta de políticas públicas, falta de vontade das reformas. Tem havido instabilidade, muitas vezes, no nosso país ou então Governos minoritários que não têm o necessário apoio para promover essas reformas”.

Quarenta anos depois, indicou Durão Barroso, “Portugal avançou muito no aspeto económico e, sobretudo, no desenvolvimento social e no espeto cultural, e é hoje um país muito mais moderno, em alguns aspetos é um país irreconhecível para melhor, quando comparado ao Portugal anterior à adesão à Comunidade Europeia”.

No entanto, apontou, o cenário podia ser mais risonho. “Com as mesmas políticas europeias, há alguns países que estão a fazer mais e há outros países que estão a fazer menos. Há países que estão a crescer mais do que Portugal, o que mostra que há questões internas que devemos analisar. Mas graças à União Europeia, apesar de tudo, foi possível ter um progresso económico e social que de outra maneira não teríamos obtido”, apontou o ex-presidente da Comissão Europeia.

O futuro da União Europeia também foi alvo de análise de Durão Barroso, sobretudo o caminho para o federalismo. “Em muitos aspetos já temos competências federais. Mas nós não somos e, a meu ver, não vamos ser – no futuro previsível – os Estados Unidos da Europa, porque os europeus não querem. Em democracia nós temos de respeitar isso”, frisou, lembrando que “os europeus, na sua maioria, apoiam a União Europeia. Querem uma União Europeia, mas é uma união de Estados, de Estados que mantêm também a sua própria soberania, a sua própria independência, mas que partilham essa soberania”.

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