Escócia compra tesouro com 3 mil anos encontrado por homem com detetor de metais

Um achado arqueológico sem precedentes foi recentemente adquirido pelo Estado escocês para futura exibição e investigação aprofundada. Trata-se do “Tesouro de Peebles”, uma impressionante coleção de mais de 500 artefactos de bronze e materiais orgânicos, como madeira e couro, que datam de cerca de 3.000 anos. Este conjunto de objetos da Idade do Bronze foi descoberto por Mariusz Stępień, um cidadão que utilizava um detector de metais em julho de 2020 na localidade de Peebles, próximo à fronteira com a Inglaterra.

A prática de deteção de metais é permitida no Reino Unido, o que possibilitou que Stępień identificasse artefactos de bronze no local e notificasse de imediato a Treasure Trove Unit, a entidade escocesa que supervisiona e avalia descobertas arqueológicas ocasionais. Após a denúncia, arqueólogos e conservadores dos Museus Nacionais da Escócia acorreram ao local e removeram um bloco único de terra contendo o tesouro. Este método foi crucial para preservar as frágeis condições dos materiais que, segundo especialistas, remontam a um período entre 1000 e 800 a.C.

O conjunto inclui colares sonoros, uma espada ainda na sua bainha de madeira, arreios de cavalos, fivelas e enfeites intricados, muitos dos quais são inéditos na arqueologia da Idade do Bronze na Europa Ocidental. Matthew Knight, conservador de Pré-história dos Museus Nacionais da Escócia, descreveu a descoberta como “excecional, um achado absolutamente único que reescreve a nossa compreensão sobre as comunidades da Idade do Bronze na Escócia e sobre as suas ligações internacionais na época pré-histórica”. Entre os itens mais significativos, encontram-se dois colares de bronze com sonoros, primeiros exemplares deste tipo documentados em Escócia. Estes colares são comuns na Dinamarca e no norte da Alemanha e da Polónia, sugerindo uma rede cultural ativa entre as comunidades do mar do Norte.

Para garantir a preservação do tesouro, o bloco de terra com os artefactos foi submetido a tomografia computorizada, revelando detalhes das suas estruturas internas e das relações entre os materiais no seu contexto original. O exame revelou que alguns objetos foram fabricados com a técnica de “fundição à cera perdida”, um método raro na Idade do Bronze na Grã-Bretanha. Ian Sinclair, fundador do µ-VIS X-ray Imaging Centre da Universidade de Southampton, afirmou que “escaneá-lo foi um grande desafio, mas uma oportunidade incrível de aplicar habilidades de engenharia em apoio a uma investigação histórica tão extraordinária”.

Além da espada preservada na bainha de madeira, os investigadores encontraram peças de couro decoradas e articulações complexas de correias, cuja finalidade ainda precisa ser esclarecida. As condições de preservação excecionais no solo de Peebles permitiram manter não só os objetos de bronze, mas também elementos de madeira e couro, oferecendo uma visão detalhada e única da cultura material da Idade do Bronze que raramente é possível obter.

O Tesouro de Peebles, para além do seu valor histórico, representa um enorme desafio de conservação e investigação. Os Museus Nacionais da Escócia lançaram uma campanha de angariação de fundos para financiar os custos urgentes de estabilização dos artefactos. Os investigadores procuram responder a perguntas sobre a função de cada item, a finalidade do conjunto e as razões que terão levado alguém, há cerca de 3.000 anos, a enterrar esta preciosa coleção.

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