Milícia justiceira organizou ao pormenor no Telegram agressões a imigrantes no Porto: são suspeitos de três ataques racistas na mesma noite

Um grupo organizado de 15 homens, conhecidos na plataforma de mensagens ‘Telegram’ como “SOS Porto Invicta”, foi constituído como arguido pela Polícia Judiciária do Porto, sobre o qual recaem suspeitas de três ataques racistas na mesma noite.

Esta ‘milícia de justiceiros’ terá premeditado ao pormenor as agressões aos imigrantes em plataformas encriptadas de mensagens – tanto no Telegram como no Whatsapp: organizaram-se como um grupo de justiceiros unidos pela vontade de perseguir e castigar indiscriminadamente imigrantes de origem magrebina, revelou esta sexta-feira o ‘Jornal de Notícias’, salientando que os indivíduos queriam vingar-se de roubos a familiares e amigos, por parte de cidadãos de origem argelina e marroquina, na zona do Campo 24 de Agosto, no Porto.

As autoridades apreenderam, no telemóvel de um dos arguidos, várias fotografias das vítimas tiradas na véspera das agressões: estas provas foram acrescentadas ao inquérito a decorrer pelo Departamento de Investigação e Ação Penal do Porto.

Os incidentes deram-se na madrugada de 3 de maio último, quando o grupo de encapuzados invadiu a casa dos imigrantes na Rua do Bonfim. “Estávamos a dormir, quando bateram à porta. Gritavam para a abrir e acabaram por rebentá-la. Depois, destruíram tudo. Fechámo-nos à chave nos quartos, mas também partiram as portas. Ao mesmo tempo que nos batiam, diziam que não estávamos a fazer nada em Portugal, que tínhamos de regressar ao nosso país”, descreveu na altura Lakehal Zakaria, um dos agredidos.

Mais tarde, dois argelinos foram espancados com tacos de basebol na zona do Campo 24 de Agosto. Já perto das 3 horas, na Praça da Batalha, junto de um restaurante de kebab, cinco indivíduos do grupo espancaram um marroquino. Uma patrulha da PSP que estava por perto chegou rapidamente ao local e ainda conseguiu intercetar um suspeito, que acabou por ser colocado em prisão preventiva.