Foi mordido por uma víbora? Saiba o que fazer nestes casos (relativamente raros em Portugal)
Apesar de as mordeduras de víboras serem uma ocorrência rara em Portugal, quando acontecem, geram preocupação e alertas sobre os cuidados a tomar. Recentemente, um bombeiro de 43 anos foi mordido por uma víbora em Castelo de Vide, no distrito de Portalegre, enquanto desempenhava as suas funções. Embora a situação tenha causado alguma apreensão, o bombeiro foi transferido para o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde está a evoluir de forma favorável, segundo informações divulgadas por uma fonte hospitalar à agência Lusa. “O bombeiro não se encontra em estado grave”, acrescentou a mesma fonte.
Este tipo de incidente, embora raro, sublinha a importância de saber como agir em caso de mordedura de serpente. Em 2023, o Centro de Informação Antivenenos (CIAV) do INEM registou 27 casos de mordeduras de víboras em todo o país. Embora não tenha havido registos de mortes resultantes desses ataques, o centro alerta que nem todas as ocorrências chegam ao seu conhecimento.
No território português, existem duas espécies de víboras venenosas: a víbora-de-seoane (Vipera seoanei) e a víbora-cornuda (Vipera latastei). De acordo com o Atlas dos Anfíbios e Répteis de Portugal, publicado em 2008, a víbora-de-seoane é mais comum no Noroeste do país e na Galiza, enquanto a víbora-cornuda está mais amplamente distribuída por Portugal, sendo a espécie provavelmente responsável pelo recente incidente em Castelo de Vide.
Apesar de as mordeduras de víboras raramente serem letais, podem causar reações graves. “Das quatro espécies de serpentes com relevância clínica, as víboras (Vipera latastei e Vipera seoanei) são as mais preocupantes; podem causar doença grave e necessitam de abordagem hospitalar, monitorização e tratamento específico, incluindo soro antiveneno”, conforme um artigo publicado na Acta Médica Portuguesa em 2021.
Como identificar víboras e diferenciar de outras serpentes
As víboras têm características específicas que as distinguem das cobras não venenosas. As espécies perigosas em Portugal, como a víbora-cornuda e a víbora-de-seoane, têm olhos com pupilas verticais, semelhantes às dos gatos, enquanto as serpentes inofensivas possuem pupilas redondas. Além disso, as víboras têm uma cabeça triangular e escamas mais fragmentadas, enquanto as cobras tendem a ter escamas maiores e mais regulares.
Importa ainda destacar que, mesmo após uma mordedura, é necessário verificar se a mesma foi eficaz, ou seja, se o veneno foi realmente injetado. Em muitos casos, a víbora pode morder sem que haja envenenamento significativo.
Apesar do medo que muitas pessoas sentem em relação às serpentes, estas desempenham um papel crucial nos ecossistemas, especialmente na agricultura, ao controlar populações de roedores. As víboras, tal como outras serpentes, normalmente evitam o contacto com seres humanos, fugindo quando se sentem ameaçadas. Mordem apenas em situações de extremo stress ou quando são perturbadas, como ao serem pisadas ou tocadas inadvertidamente.
A frequência de mordeduras de víbora em Portugal
Os números do CIAV, citado pelo Público, revelam que os incidentes com víboras são raros. Em 2023, registaram-se 27 casos de mordeduras, enquanto em 2022 e 2021 os números foram de 25 e 29, respetivamente. Estes dados refletem a baixa prevalência deste tipo de ocorrências, embora os incidentes, quando acontecem, necessitem de uma resposta rápida e eficaz.
Em 2021, por exemplo, um homem foi mordido por uma víbora-cornuda no seu jardim em Constância. Foi tratado com um soro antiveneno no Centro Hospitalar do Médio Tejo, sem complicações graves reportadas.
O que fazer em caso de mordedura de víbora?
Em caso de mordedura de víbora, o INEM recomenda o contacto imediato com o Centro de Informação Antivenenos, através do número 800 250 250. Durante o telefonema, deve ser explicado o contexto do incidente para que os especialistas possam avaliar a gravidade da situação e fornecer as orientações adequadas.
Embora as mordeduras de cobras não venenosas geralmente não apresentem grandes complicações, as mordeduras de víboras podem ser potencialmente graves. Segundo o INEM, estas provocam dor intensa e um inchaço progressivo no local da mordedura, que pode comprometer a circulação sanguínea. Nestes casos, é essencial procurar ajuda médica urgente.
Se o atendimento imediato for demorado, recomenda-se desinfetar a área da mordedura, aplicar gelo e remover qualquer peça de roupa apertada próxima à zona afetada. Contudo, estas medidas são apenas temporárias até à chegada de assistência médica adequada.