Lisboa recebe hoje manifestação do Chega: ‘contra-manif’ e elementos da extrema-direita alarmam autoridades
Originalmente marcada para o passado dia 21, André Ventura, presidente do Chega, viu-se obrigado a anunciar o adiamento da manifestação do partido, em Lisboa – que passará pela Av. Almirante Reis, Baixa e Praça do Município -, em protesto contra a “imigração descontrolada” e “pela segurança nacional”, que foi convocada em agosto.
“Com mais de um milhão de imigrantes, a imigração descontrolada continua a ser um grande problema em Portugal. Principalmente porque não temos qualquer tipo de informação sobre muitos dos que cá chegam”, referiu o partido em comunicado, nessa ocasião.
No entanto, André Ventura já apelou aos responsáveis autárquicos e policiais que, por razões de segurança, travem uma contra-manifestação que disse ter sido convocada também para domingo e para os mesmos locais da manifestação do seu partido.
Em conferência de imprensa, André Ventura acusou mesmo a presidente do Grupo Parlamentar do PS, Alexandra Leitão, de ter apelado à participação nessa “contra manif” e pediu aos líderes socialista, Pedro Nuno Santos, e também do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, para não o fazerem e desautorizarem nos respetivos partidos quem faz esses apelos.
O presidente do Chega disse que a manifestação de domingo “contra a imigração descontrolada em Portugal” terá cerca de três mil pessoas, e foi organizada e planeada pelo Chega, adiantando mesmo que foi coordenada por si próprio.
Depois de ter rejeitado que a sua manifestação esteja infiltrada por forças extremistas neonazis, o líder do Chega contrapôs que já alertou “as forças policiais para o facto de que vários movimentos estarem a apelar à participação contra o protesto do Chega no domingo”, o que pode constituir “um caldeirão a céu aberto”.
“O Chega não desmarcará a sua manifestação. Mas queria apelar a todos, sobretudo aos líderes partidários, que metam a mão na consciência e que compreendam que a provocação de insultos ou a tentativa de boicotar o trajeto que os manifestantes farão no domingo pode levar a situações absolutamente indesejáveis de ordem pública. Tudo faremos para garantir que isso não aconteça”, disse. “Todos os cidadãos, de esquerda, de direita e de centro, que se queiram juntar à manifestação, sejam do Grupo A, Grupo B ou Grupo C, terão os seguintes requisitos: não haver caracterização específica, cumprir a lei e as regras, respeitar as instruções das autoridades policiais e respeitar os procedimentos da organização.”
O presidente do Chega declarou depois que não pode aceitar “provocações, tentativas de boicote ou tentativas de manipulação da opinião pública através da presença no mesmo trajeto – um trajeto que há semanas está definido para a manifestação do Chega. Esta manifestação é do Chega, foi organizada a cada passo em articulação com as autoridades policiais e com as autoridades autárquicas”, acrescentou.
A população estrangeira em Portugal aumentou cerca de 33% no ano passado, totalizando mais de um milhão de imigrantes a viver legalmente no país, segundo um documento apresentado em junho pelo Governo.