Médio Oriente: ONG diz que ataque israelita a coluna humanitária fez 4 mortos

A organização não-governamental (ONG) dos EUA Near East Refugee Aid (Anera) denunciou hoje que o ataque israelita contra uma caravana de ajuda humanitária na quinta-feira causou a morte a quatro guardas palestinianos desarmados que escoltavam a coluna.

O ataque “foi realizado sem aviso prévio ou comunicação”, explicou a ONG em comunicado, acrescentando que a movimentação da coluna de ajuda estava programada de acordo com “um plano coordenado e claro” com Israel.

A Anera acrescentou que as autoridades israelitas garantiram que o veículo atacado transportava “numerosas armas”, mas garantiu que a caravana era de material médico e combustível destinado ao hospital dos Emirados Árabes Unidos em Gaza e que o transporte foi efetuado pela empresa Move One, com a qual tem “um acordo estrito” para utilizar apenas “elementos de segurança sem armas”.

O ataque ocorreu quinta-feira, na estrada de Salah al-Din, na Faixa de Gaza, e atingiu o primeiro veículo da coluna, segundo a mesma fonte.

Nenhum membro da Anera ficou ferido e a caravana continuou o seu caminho até chegar ao hospital dos EAU, completando a entrega de “ajuda crítica”, acrescentou.

O porta-voz militar israelita, tenente-coronel Avichay Adraee, publicou na rede social X (antigo Twitter) que “homens armados ocuparam um carro à frente da coluna (um jipe) e começaram a conduzir”.

“Após a operação de apreensão e depois de confirmar a possibilidade de atacar apenas o veículo dos militantes, o ataque foi efetuado, uma vez que os restantes veículos da caravana não foram atingidos e o alvo foi visado de acordo com o plano”, escreveu Adraee.

“A operação para atingir os militantes eliminou o risco de apreensão da caravana humanitária. A presença de homens armados dentro de um comboio humanitário de forma descoordenada dificulta a segurança das caravanas e do seu pessoal e prejudica o esforço humanitário”, acrescentou.

Este incidente surge na sequência de outro semelhante registado na noite de terça-feira naquela mesma zona, quando uma caravana organizada pelo Programa Alimentar Mundial foi também atacada pelo Exército israelita, que disparou pelo menos dez vezes contra o primeiro veículo, e apenas a blindagem do veiculo protegeu as vítimas.

Como resultado, o PAM suspendeu temporariamente os seus movimentos em Gaza.

Em 23 de julho, a UNICEF afirmou que dois dos seus veículos foram atingidos por munições reais enquanto esperavam num ponto de detenção designado.

Em abril, um ataque israelita atingiu três veículos da World Central Kitchen, matando sete pessoas.

Questionado sobre o incidente mais recente, Stéphane Dujarric, porta-voz do secretariado-geral da ONU, esclareceu que a organização não esteve envolvida na coordenação desta coluna.

Mas lembrou que com este tipo de ataques “tornou-se quase impossível entregar ajuda humanitária [em Gaza] até que um cessar-fogo seja finalmente alcançado”.

O conflito em curso iniciou-se em outubro do ano passado, quando os islamitas palestinianos do Hamas lançaram um ataque ao território israelita que causou cerca de 1.200 mortos e perto de 200 reféns.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar em grande escala contra a Faixa de Gaza que, até agora, causou mais de 40.600 mortos e quase 94.000 feridos, segundo o balanço mais recente das autoridades locais do enclave controlado pelo Hamas.