Oito em cada 10 portugueses consideram que corrupção aumentou nos últimos anos. 96% dizem que é problema “comum”

O mais recente Eurobarómetro sobre as “Atitudes dos Cidadãos face à Corrupção na UE em 2024” revela que uma esmagadora maioria dos portugueses considera que o nível de corrupção em Portugal aumentou nos últimos três anos. De acordo com o estudo, 78% dos inquiridos em Portugal (cerca de 8 em cada 10) acreditam que a corrupção se intensificou, colocando os portugueses com uma perceção da corrupção muito acima da média da União Europeia, que é de 41%.

Os dados do Eurobarómetro mostram um aumento na perceção de corrupção em Portugal, comparado com o ano passado. Embora a perceção de corrupção já fosse elevada em 2023, o número de portugueses que considera a corrupção como um problema “comum” cresceu de 93% para 96%, destaca o Público. Em contraste, a média europeia mostra uma melhoria na perceção da corrupção, com menos pessoas a considerá-la uma questão recorrente.

Outro dado relevante do estudo é que, apesar de poucos portugueses afirmarem ter testemunhado ou sido vítimas de corrupção diretamente, a crença de que a corrupção está enraizada nas empresas e na política é significativamente maior em Portugal do que na média da UE. Enquanto 27% dos europeus consideram que a corrupção é um problema “raro”, apenas 2% dos portugueses partilham esta visão.

A atual ministra da Justiça, Rita Júdice, em junho, apresentou um novo pacote anticorrupção, que foi negociado com partidos com assento parlamentar. A ministra sublinhou que a estratégia do Governo não pretende “mudar tudo”, mas sim “eliminar areias na engrenagem”. Apesar desses esforços, muitos portugueses continuam céticos quanto à eficácia das medidas implementadas.

De acordo com o Eurobarómetro, 65% dos portugueses acreditam que a corrupção de alto nível não está a ser suficientemente combatida, e 57% acham que os esforços governamentais são ineficazes. Este sentimento de frustração pode estar relacionado com a recente queda de dois governos – o Governo da República Portuguesa e o governo regional da Madeira – devido a investigações judiciais sobre suspeitas de corrupção. A Operação Influencer, que resultou na demissão de António Costa e na queda do seu governo, pode ter contribuído para a piora na perceção da corrupção entre os 1.032 portugueses inquiridos.

Os dados também revelam que 91% dos portugueses acreditam que existe corrupção nas instituições públicas, comparado com 71% na média da UE. Além disso, 92% dos inquiridos consideram que “existe corrupção nas instituições locais ou regionais em Portugal”. Estes números refletem o fato de que a administração local concentra mais de metade das suspeitas de corrupção. A avaliação sobre a eficácia da Justiça também é pessimista: 79% dos portugueses acham que as consequências para os casos de corrupção são baixas, enquanto a média da UE é de 65%.

Com a reforma da Justiça prometida pelo Governo, a luta contra a corrupção permanece uma prioridade. O primeiro-ministro, ao apresentar o pacote anticorrupção, afirmou que a corrupção “mina, e muito, a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas” e “prejudica, e muito, a atividade económica do país”, além de “retirar nobreza que deve estar subjacente ao exercício de funções públicas”. As medidas propostas visam restaurar a confiança pública e melhorar a eficácia da Justiça no combate à corrupção.

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