Deve o hipismo ser ‘riscado’ dos Jogos Olímpicos? Petição para retirada das disciplinas equestres soma já dezenas de milhares de assinaturas

Charlotte Dujardin, a atleta olímpica britânica mais bem-sucedida, retirou-se dos Jogos Olímpicos e foi suspensa provisoriamente pela Federação Internacional de Desportos Equestres (FEI), depois de terem surgido imagens que a mostram a bater repetidamente num cavalo com um chicote durante uma sessão de treino

Francisco Laranjeira
Agosto 2, 2024
10:15

Dezenas de milhares de pessoas assinaram uma petição para proibir os eventos equestres dos Jogos Olímpicos, depois de dois cavaleiros de renome terem sido alvo de severas medidas disciplinares, o que lançou novo debate sobre as práticas e a ética da equitação.

Charlotte Dujardin, a atleta olímpica britânica mais bem-sucedida, retirou-se dos Jogos Olímpicos e foi suspensa provisoriamente pela Federação Internacional de Desportos Equestres (FEI), depois de terem surgido imagens que a mostram a bater repetidamente num cavalo com um chicote durante uma sessão de treino.

O vídeo, publicado pelo programa de televisão britânico ‘Good Morning Britain’, desencadeou uma onda de protestos, sendo que a instituição de caridade animal ‘Brooke’ retirou a Dujardin o seu estatuto de embaixadora. “Ficámos profundamente perturbados ao tomar conhecimento deste vídeo”, declarou a instituição de caridade.

A filmagem foi efetuada há cerca de dois anos: de acordo com a cavaleira britânica, o momento tratou-se de “um erro de julgamento” que “não reflete a forma como treino os meus cavalos e oriento os meus alunos”, referiu Dujardin, num post na rede social ‘Instagram’ – no entanto, um advogado que falou em nome da pessoa que apresentou uma queixa contra Dujardin afirmou que essa era “uma forma normal de treinar cavalos” nos seus estábulos.

Poucos dias após a suspensão de Dujardin, as autoridades equestres aplicaram um ‘cartão amarelo’ de advertência ao cavaleiro brasileiro Carlos Parro por ter potencialmente causado “desconforto desnecessário” ao seu cavalo ‘Safira’ durante os Jogos Olímpicos de Paris. O cavaleiro surge em fotografias e vídeos a hiperfletir o pescoço de um cavalo, num movimento proibido conhecido como “Rollkur”, que pode comprometer a respiração do animal.

Já os Jogos Olímpicos de Tóquio haviam ficado marcados pela suspensão de um treinador da Alemanha que agrediu um cavalo que não cooperava.

Devido a estes casos, foi lançada uma petição no site ‘Charge.org’ para que as disciplinas equestres sejam retiradas dos Jogos Olímpicos, que já obteve quase 30 mil assinaturas. A causa é também apoiada por ONG como a ‘People for the Ethical Treatment of Animals’, que há muito protesta contra as corridas de cavalos.

Os cavalos não farão parte do pentatlo moderno que terá início em Los Angeles em 2028. A saúde dos cavalos deve ser uma “prioridade”, salientaram as autoridades responsáveis pelo bem-estar dos animais. “Se estivermos envolvidos num desporto equestre, seja ele polo, adestramento, saltos de obstáculos ou corridas de cavalos, a prioridade tem de ser o bem-estar do cavalo”, sustentou Lisa Lazarus, diretora-geral da ‘Horseracing Integrity and Safety Authority’, que supervisiona o desporto nos EUA.

“Se essa não for a prioridade e se não for claro para o público e para os reguladores que se dá prioridade ao cavalo e ao seu bem-estar, o desporto estará em perigo”, acrescentou.

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