Dia Internacional da Saúde Mental: 83% dos portugueses reconhece impactos psicológicos pelo aumento do custo de vida

O aumento do custo de vida em Portugal está a ter um impacto muito negativo na saúde mental dos portugueses, com a grande maioria (83%) a admitir efeitos no seu bem-estar psicológico, segundo revelou um inquérito da plataforma de contratação de serviços ‘Fixando’.

O estudo, realizado entre 19 de setembro e 2 de outubro a cerca de 1.100 utilizadores, concluiu que apenas 12% responderam que o agravamento do custo de vida e a situação económica do país não estão a ter impacto na sua saúde mental e, naturalmente, nenhum dos inquiridos relatou um impacto positivo. No que diz respeito à avaliação que fazem da sua saúde mental, apesar de 31% afirmar estar “bem ou muito bem”, quase metade (49%) dos inquiridos estimou a sua situação de saúde mental como “média” e 20% dos inquiridos indicaram que estão a sentir-se mal ou muito mal neste momento.

“Estes resultados reforçam a importância de oferecer recursos e apoio adequados àqueles que estão a enfrentar dificuldades em relação à sua saúde mental. É um reflexo da crescente preocupação entre os portugueses quanto à capacidade de lidar com as despesas diárias, o que, por sua vez, afeta o seu bem-estar psicológico”, apontou Alice Nunes, diretora de Novos Negócios da ‘Fixando’.

Além da situação económica, a guerra na Ucrânia também tem preocupado os portugueses, com 67% dos participantes neste estudo a sentir que a sua saúde mental está a ser afetada negativamente pela situação de guerra e pelo estado atual da política europeia, um resultado que reflete a sensação de incerteza perante o clima geopolítico que se vive na Europa. Cerca de 31% afirmou não sentir qualquer impacto no seu bem-estar.

O acesso a cuidados de saúde mental em Portugal, sobretudo a falta de rendimentos das famílias para pagar as consultas, tem merecido alertas dos especialistas. Segundo dados da plataforma de contratação de serviços, a procura por serviços relacionados com saúde mental, como psicólogos ou psicoterapeutas, registou uma quebra de 6% nos primeiros 9 meses do ano, face ao mesmo período do ano passado.

“É necessário acabar com os estigmas das doenças mentais e garantir que a população conhece e tem acesso a estes cuidados de saúde”, frisou Alice Nunes. “A verdade é que muitas famílias não estão sensibilizadas para a importância de prevenir e tratar situações de ansiedade e depressão. O aumento do custo de vida agrava estes casos de duas formas: ao prejudicar a saúde mental dos portugueses e ao tornar mais difícil que recorram a profissionais que os possam ajudar.”

Por último, a ‘Fixando’ revelou ainda que o preço médio praticado por psicólogos se situa nos 37€ por consulta, idêntico ao valor médio em 2022, e que, apesar do aumento em 24% do número de psicólogos inscritos na plataforma em 2023, apenas 8% tem disponibilidade para aceitar novos pacientes.