Drahi diz que há 100 empresas suspeitas de participar no esquema de corrupção da Altice. Maioria são portuguesas

O fundador e presidente da Altice, Patrick Drahi, revelou que perto de 100 empresas foram identificadas pelas autoridades portuguesas como suspeitas de terem participado, como fornecedoras, no suposto esquema de corrupção que envolve a Altice Portugal e que é investigado na Operação Picoas, que tem Armando Pereira, português cofundador da Altice, com um dos principais suspeitos.

Drahi fez as afirmações esta terça-feira, segundo indica o Público, numa conferência de apresentação dos resultados da Altice France. Tal como no dia anterior, em que foram apresentados os resultados da Altice Internacional, a Operação Picoas marcou as intervenções e foi tema de discussão.

Segundo indicou Patrick Drahi, a maioria das 100 empresas identificadas como participantes no esquema de corrupção era portuguera ou ligada a portugueses, mas quando foi revelada a investigação ao caso, já só apenas 10 mantinham relação com a Altice.

“No relatório da polícia que recebemos, havia cerca de 100 empresas, em todo o tipo de jurisdições, a maioria a trabalhar a partir de Portugal. Imediatamente depois de recebermos este relatório, a 13 de Julho, avançámos com investigações nas nossas subsidiárias em todo o mundo, com advogados e contabilistas. Enviámos a lista de 100 empresas, a maioria das quais desconhecíamos, para o nosso departamento de verificação, para saber se mantínhamos negócio com elas. Destas 100 empresas, só cerca de dez estavam a fazer negócios connosco”, explicou, indicando que, após aconselhamento com os advogados da empresa, foram suspendidos imediatamente todos os pagamentos às firmas suspeitas, sendo depois cessados contratos e as empresas substituídas por outros fornecedores.

Recorde-se que, na Operação Picoas, as autoridades investigam suspeitas de viciação do processo de contratação de serviços e produtos da Altice, viagens pagas indevidamente a gestores e venda de património da empresa com prejuízo para a mesma.

A investigação centra-se em Armando pereira, que presidiu à Altice entre 2015 e 2017, e a um conjunto de empresas envolvidas no alegado esquema de desvio de dinheiro.

Drahi esclareceu ainda, no encontro de ontem, que Armando pereira deixou de ter qualquer cargo na Altice Internacional a partir de 2017, quando saiu da presidência da empresa em Portugal, mas manteve ligação ao grupo em França, tendo sido vice-presidente até 2019, e consultor do CEO até julho deste ano.