Hernâni Vaz Antunes confessou grande parte dos factos imputados pelo Ministério Público perante o juiz Carlos Alexandre e identificou mesmo os vários beneficiários dos pagamentos indevidos – entre os beneficiários, segundo o jornal ‘Público’, então Armando Pereira, Akim Boubazine (ex-CEO da Altice Estados Unidos), Yossi Benchetrit (diretor de compras da Altice Estados Unidos) e Alexandre Fonseca, ex-presidente executivo da Altice Portugal.
Alexandre Fonseca não foi constituído arguido, após as buscas das autoridades no passado dia 13, no âmbito da Operação Picoas, mas terá recebido, de acordo com a investigação, quase 500 mil euros entre 2017 e 2018, através de sociedades dos Emirados Árabes Unidos e contra faturas falsas. Comprou ainda por 200 mil euros uma moradia, da sociedade de Hernâni Antunes, avaliada em um milhão de euros.
Yossi Benchetrit, genro de Armando Pereira, seria o recebedor direto de várias dezenas de milhões de euros de pagamentos indevidos relacionados com a atribuição de negócios com viciação das regras, o mesmo com David Benchetrit, pai de Yossi e beneficiário formal sociedades nos EAU onde foram depositados milhões de euros.
Sobre Armando Pereira, terá descrito os pagamentos indevidos ao pai e genro deste, ou da disponibilidade de imóveis e obras na sua casa em Portugal – referiu também o facto de disponibilizar casas, cozinheiros, carro e até cartões para pessoas das relações de Armando Pereira.
Neste processo está em causa uma “viciação decisória do grupo Altice em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência” que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva e para crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Os investigadores suspeitam que, a nível fiscal, o Estado terá sido defraudado numa verba superior a 100 milhões de euros.
A investigação indica também a existência de indícios de “aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira” através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o MP que terão também sido usadas sociedades ‘offshore’, indiciando os crimes de branqueamento e falsificação.
O cofundador da Altice Armando Pereira está indiciado de 11 crimes, entre os quais seis de corrupção ativa e um de corrupção passiva no setor privado, além de quatro de branqueamento e crimes não quantificados de falsificação de documentos no processo ‘Operação Picoas’.
De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do MP, a operação desencadeada em 13 de julho, que levou a três detenções, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, entre as quais instalações de empresas e escritórios de advogados em vários pontos do país. Hernâni Vaz Antunes foi o quarto arguido a ser detido, mas tal ocorreu apenas no dia 15, após entregar-se às autoridades.
Nas buscas, o DCIAP revelou que foram apreendidos documentos e objetos, “tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros”.
https://executivedigest.sapo.pt/noticias/operacao-picoas-arguidos-souberam-das-investigacoes-15-dias-antes-e-esconderam-provas-mais-de-100-pastas-de-documentos-encontradas-num-sotao/
https://executivedigest.sapo.pt/noticias/operacao-picoas-prisao-domiciliaria-para-armando-pereira-e-hernani-vaz-antunes/














