Melhorias marginais em solos agrícolas em todo o mundo seriam suficientes para armazenar carbono suficiente para manter o mundo dentro do limite de 1,5°C de aquecimento global, apontou esta terça-feira um estudo, que sustentou que as técnicas agrícolas que melhoram a fertilidade e a produtividade a longo prazo também podem ajudar a armazenar mais carbono nos solos.
No entanto, estas técnicas são muitas vezes ignoradas em favor de técnicas intensivas que usam grandes quantidades de fertilizantes artificiais, muitos deles desperdiçados, que podem aumentar as emissões de gases de efeito estufa.
O uso de melhores técnicas agrícolas para armazenar 1% a mais de carbono em cerca de metade dos solos agrícolas do mundo seria suficiente para absorver cerca de 31 gigatoneladas de dióxido de carbono por ano, segundo apontou o estudo, uma quantidade que não está muito longe da diferença de 32 gigatoneladas entre a atual redução de emissões planeada globalmente por ano e a quantidade de carbono que deve ser cortada até 2030 para ficar dentro de 1,5°C.
O alerta chegou por Jacqueline McGlade, ex-cientista-chefe do programa ambiental da ONU e ex-diretora executiva da Agência Europeia do Meio Ambiente, que apontou que armazenar mais carbono nos 30 centímetros superiores dos solos agrícolas seria viável em muitas regiões onde os solos estão atualmente degradados.
“Fora do setor agrícola, as pessoas não entendem a importância dos solos para o clima”, sustentou McGlade. “Mudar a agricultura pode tornar os solos negativos em carbono, fazendo com que absorvam carbono e reduzindo o custo da agricultura”, explicou, lembrando que os agricultores podem enfrentar um custo de curto prazo enquanto mudam os seus métodos, evitando o uso excessivo de fertilizantes artificiais: no entanto, após um período de transição de dois a três anos, os seus rendimentos iriam melhorar e os seus solos seriam muito mais saudáveis.
Segundo estimativas da ONU, cerca de 40% das terras agrícolas do mundo estão degradadas: os agricultores poderiam capturar mais carbono nos seus solos alterando a rotação das suas culturas, plantando culturas de cobertura, como trevo, ou através da perfuração direta, que permite que as culturas sejam plantadas sem a necessidade de arar.














