Ucrânia prepara arsenal contra a Rússia: mais de 80 fabricantes trabalham para montar milhares de drones
O ataque de drones a Moscovo, esta terça-feira, pode ser um prólogo de uma campanha da Ucrânia para fazer os russos sentirem o que é estar em guerra e, ao mesmo tempo, comprometer as defesas antiaéreas da Rússia.
De acordo com Oleksyi Reznikov, ministro da Defesa ucraniano, em declarações à agência ‘Reuters’, Kiev tem ao seu dispor mais de 80 fabricantes locais a trabalhar na composição de um arsenal, que conta atualmente com dezenas de modelos, tanto de produção própria como importados – desde quadropters a aparelhos de uso civil e recreativo, aos quais são anexadas granadas para ataques de curta distância, até dispositivos muito sofisticados. Alguns antigos executivos da Microsoft estarão a trabalhar com os engenheiros ucranianos. De acordo com Reznikiv, a Ucrânia precisa de centenas de milhares de drones.
Um dos fabricantes locais, a AeroDrone, anteriormente dedicado a dispositivos para uso agrícola desenvolveu a sua aeronave não tripulada para voar durante milhares de quilómetros a transportar cargas de até 300 quilos.
Até agora, os maiores drones conhecidos são os UKRJETs ‘multitasking’ – para reconhecimento mas também para ataque -, capazes de voar a 6 mil metros de altitude durante seis horas e cujo raio de ação teria sido estendido para 800 quilómetros.
Um UKRJET UJ-22 foi o primeiro drone ucraniano detetado em território russo. Caiu, ou foi abatido, a 28 de fevereiro perto de Moscovo e nas proximidades de uma central de energia.
A 3 de maio, a surpresa foi enorme quando dois drones sobrevoaram o Kremlin, tendo sido abatidos, um deles bem ao lado da bandeira russa.
Já a 9 de maio, o financiador ucraniano Volodimir Yatsenko havia oferecido, durante uma maratona, 20 milhões de hryvnas (meio milhão de euros) para quem conseguisse pousar um drone na Praça Vermelha de Moscovo durante o desfile do Dia da Vitória, naturalmente com o aparelho bem identificado como ucraniano, talvez com o lema “Glória à Ucrânia, Glória aos Heróis” nas asas.
O prémio seria dividido entre o fabricante e os operadores responsáveis pelo voo. A própria empresa de Yatsenko, que fabrica desde dezembro um drone de médio porte, o T-10 Dovbush, estava isenta de concorrência. Não se sabe como tudo terminou, embora algumas versões sugiram que o plano foi cancelado no último momento.
Não seria, porém, a primeira vez que a defesa antiaérea russa era escandalosamente ridicularizada. É preciso lembrar que em 28 de maio de 1987, um piloto particular alemão, Mathias Rust, conseguiu pousar o seu avião Cessna em plena Praça Vermelha. Ele havia voado da Finlândia abaixo do alcance do radar e, dizia-se, os guardas de fronteira nem o viram passar porque era feriado.