OMS vai criar organismo para desenvolver novas vacinas contra a tuberculose. “A única que existe tem mais de 100 anos e não protege adequadamente”, adverte
Para assinalar o Dia Mundial da Tuberculose, que se celebra a 24 de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou o alargamento do âmbito da iniciativa do diretor-geral, Tedros Ghebreyesus, para acabar com a tuberculose e alcançar a Cobertura Universal da Saúde (UHC) até 2030.
“A OMS está empenhada em apoiar os países a intensificarem a sua resposta, alargando o acesso aos serviços de prevenção, identificação e tratamento da tuberculose como parte da sua jornada para uma cobertura universal da saúde e para reforçar as suas defesas contra epidemias e pandemias”, declarou o director-geral da Organização, esta quinta-feira.
A comemoração remete para março de 1882, quando o cientista alemão Robert Koch apresentou pela primeira vez a sua descoberta da bactéria que causa a tuberculose, recordou Ghebreyesus ao destacar que, desde então, foi percorrido “um longo caminho. Temos testes, tratamentos e uma vacina contra a tuberculose que já salvaram inúmeras vidas”.
Os avanços fizeram com que as mortes pela doença, tenham registado uma diminuição desde 2020, “em quase 40%” a nível mundial e mais de 74 milhões de pessoas tenham tido acesso aos serviços de saúde, revelou a OMS numa publicação nas redes sociais. Na ótica da Organização, é necessário “tornar as ferramentas que temos à disposição de mais pessoas”, porém, é também fundamental conseguir “novas”.
“O aumento da resistência aos medicamentos está a minar a eficácia de alguns medicamentos que são utilizados para tratar a tuberculose”, advertiu a OMS ao frisar que “a única vacina contra a tuberculose desenvolvida até à data, a vacina BCG, tem mais de 100 anos e não protege adequadamente adolescentes e adultos, que são responsáveis pela maior parte da transmissão da doença.
“We need to make the tools we have available to more people. But we also need new tools. Increasing drug resistance is undermining the effectiveness of some medicines that are used to treat #tuberculosis“-@DrTedros #EndTB
— World Health Organization (WHO) (@WHO) March 23, 2023
Em setembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas vai convocar três reuniões de alto nível centradas na Cobertura Universal da Saúde, na preparação e resposta a pandemias e no fim da tuberculose. Existem ligações claras entre estas agendas e os Chefes de Estado irão deliberar no sentido de acelerar a acção, incluindo o objectivo de acabar com a tuberculose.
A tuberculose é responsável por cerca de 1,6 milhões de mortes por ano, com enormes impactos nas famílias e comunidades, segundo os dados da OMS, o que se agravou com a pandemia da Covid-19, conflitos armados, insegurança alimentar, alterações climáticas, instabilidade política e económica. Estes fatores fizeram com que se invertessem anos de progresso na luta contra esta doença.
No ano passado, pela primeira vez em quase duas décadas, a OMS relatou um aumento do número de pessoas que adoecem com tuberculose, juntamente com um aumento do número de mortes. “A tuberculose é evitável, tratável e curável e, no entanto, este antigo flagelo que aflige a humanidade há milénios continua a causar sofrimento e morte a milhões de pessoas todos os anos”, salientou Tedros Ghebreyesus.