Insolvências em Portugal devem subir 20% em 2023, revela estudo da Allianz Trade
2022 será um ano em que o crescimento das insolvências entre as empresas portuguesas deverá ser de cerca de 2%. No entanto, 2023 trará alterações muito significativas.
O estudo “Energy crisis, interest rates shock and untampered recession could trigger a wave of bankruptcies” da Allianz Trade, acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, dá conta de que a estimativa para o próximo ano é de uma subida de 20% das insolvências, devido ao agravamento das pressões inflacionistas sentidas na economia mundial, à crise energética e às perturbações nas cadeias de abastecimento.
Este valor é uma revisão em alta face à anterior estimativa, que apontava para um crescimento das insolvências em Portugal na casa dos 16% em 2023.
Para a Zona Euro, as estimativas apontam para que as insolvências avancem 20% em 2022 e 18% em 2023. Ao nível da União Europeia, as contas da líder mundial em seguro de créditos apontam para que as insolvências aumentem 18% neste ano e 17% no próximo ano.
Segundo os analistas do estudo, o continente europeu será o mais impactado pelo aumento das insolvências nos próximos dois anos. As estimativas da Allianz Trade sugerem que a economia francesa vai enfrentar uma subida de 46% das insolvências neste ano e de 29% no próximo ano. Já a Alemanha deverá assistir a uma subida de 5% das insolvências em 2022 e uma expansão de 17% em 2023. Fora da União Europeia, o Reino Unido deverá registar uma aceleração de 51% no número de empresas insolventes neste ano e uma subida de 10% em 2023.
“A subida do número de insolvências das empresas é já uma realidade para a maioria dos países, em particular para os principais mercados europeus (Reino Unido, França, Espanha, Holanda, Bélgica e Suíça), o que explica dois terços desta subida. A nível global, metade dos países que analisamos registaram aumentos de dois dígitos nas insolvências de empresas na primeira metade de 2022. Contudo, os EUA, China, Alemanha, Itália e Brasil continuam a registar níveis baixos de insolvências, mas a tendência deverá inverter-se no próximo ano”, afirma Maxime Lemerle, Analista Principal da Área de Insolvency Research da Allianz Trade.
Á escala mundial, as previsões são de uma subida das insolvências de 10% em 2022 e de 19% em 2023. A maior economia do mundo, os Estados Unidos da América, deverão assistir a um crescimento de 2% das insolvências neste ano e de 38% no próximo ano. Já a China, a segunda maior, deverá ter uma quebra de 7% nas insolvências neste ano. Contudo, em 2023, deverá assistir a uma aceleração de 15% das insolvências.
“Esta normalização das insolvências de empresas continua a ser heterogénea tanto em termos de setores como quanto à dimensão das empresas. Na Europa, estamos a assistir a uma retoma das insolvências em pouco menos de 60% dos setores, com um regresso aos níveis pré-pandémicos mais notório em setores como a alimentação/alojamento, manufatura, e a área dos serviços vocacionados para o B2C. Ao mesmo tempo, a recuperação global provém principalmente das insolvências de pequenas empresas, comprovada pelo número moderado de insolvências de grandes empresas”, acrescenta Ano Kuhanathan, Líder da Área de Corporate Research da Allianz Trade.