Com Truss fora, Boris Johnson pode estar de regresso… Os rostos mais prováveis para o cargo de primeiro-ministro britânico

Agora, os Conservadores vão ter outra eleição interna para escolher um novo líder, que depois tomará posse como novo primeiro-ministro. O processo, segundo explicou Truss, que se mantém como primeira-ministra interina, será concluído em duas semanas.

Pedro Gonçalves
Outubro 20, 2022
14:43

Liz Truss demitiu-se esta quinta-feira e entra para a história como a pessoa que menos tempo esteve no cargo de primeiro-ministro, em toda a história do Reino Unido: 45 dias. Há pouco mais de um mês que Truss prometeu que estaria ao lado dos ingleses para “ultrapassar a tempestade”, no seu discurso de tomada de posse. Agora, a ‘tempestade’ política apanhou-a e o ‘vendaval’ de pedidos de demissão cumpriu-se: o Partido Conservador fica sem líder e o Reino Unido sem primeiro-ministro.

Agora, os Conservadores vão ter outra eleição interna para escolher um novo líder, que depois tomará posse como novo primeiro-ministro. O processo, segundo explicou Truss, que se mantém como primeira-ministra interina, deverá estar concluído no final da próxima semana.

Olhamos para os rostos do partido Conservador que são os mais consensuais para liderar o destino de um futuro governo inglês.

Rishi Sunak
O antigo ministro das Finanças, que ficou em segundo lugar no confronto direto com Liz Truss para liderar os Conservadores, é um dos rostos mais consensuais dentro do partido para encabeçar um novo governo. Também nas casas de apostas é o apontado como mais provável a suceder a Liz Truss.

Sunak foi voz opositora de Truss e avisou na campanha que os planos de cortar nos impostos levariam a economia a uma espiral de queda livre, acusando-a de fazer “economia de conto de fadas”. Depois de uma cisão definitiva entre ambos, com a polémica do miniorçamento com o qual Truss queria avançar, os analistas políticos adiantam que as águas entres os dois estão mesmo separadas, pelo que Sunak está em boa posição para uma candidatura.

Questiona-se, no entanto, se Rishi SUnak conseguiria trazer nova união aos Conservadores, já que é visto como já tendo tido um papel-chave no afastamento do ex-primeiro-ministro, Boris Johnson.

Penny Mordaunt
Os deputados mais velhos do Partido Conservador já terão discutido que a opção ideal seria uma candidatura conjunta de Rishi Sunak com outra figura consensual no meio dos ‘Tories’: Penny Mordaunt.

Mordaunt ficou no terceiro lugar nas eleições internas, tendo acabado por apoiar a candidatura de Lis Truss. Mas, entretanto, com a mudança de ambiente político, Mordaunt também já enfrentou a primeira-ministra demissionária, tendo inclusive contrariado Truss e defendido que os apoios sociais deviam ter aumento à medida da inflação.

Anteriormente secretária da Defesa, está bem posicionada para liderar o Partido Conservador. Segundo a Sky News, que teve acesso a mensagens trocadas entre grupos de deputados no Whatsapp, reúne boa base de apoio: “Avancem, Rishi e Penny. Com o osso apoio, encorajamento e interesse”, lê-se numa das mensagens trocadas.

Boris Johnson
O afastamento de Truss pode significar um regresso de Boris Johnson à liderança dos Conservadores. Possível, mas pouco provável, apontam os especialistas.

No discurso de adeus, quando se demitiu do cargo, Johnson deixou no ar a possibilidade do seu regresso à política, apesar de ter manifestado “fervoroso apoio” a Liz Truss.

Alguns deputados do Partido Conservador já terão mesmo sugerido que seja pedido a Johnson para voltar a Downing Street, mesmo tendo sido demitido há três meses, no meio de escândalos, entre os quais o ‘partygate’.

Não é sabido se o próprio Johnson teria essa vontade de voltar o cargo, ainda que agrade a algumas fações dos ‘Tories’. Recentemente, um estudo do YouGov apontou-o como um dos favoritos entre os deputados do Partido Conservado para suceder a Truss.

Ben Wallace
O atual secretário da Defesa e antigo militar tem ganho novo relevo e respeito entre a população e dentro do partido pelo papel que tem desempenhado no apoio do Reino Unido à Ucrânia.

Na corrida à liderança do partido, Ben Wallace manteve-se neutro durante todo o processo, apoiando Truss na volta final. É consensual dentro do partido, mas apontam-lhe pouca vontade de liderar os ‘Tories’, depois de ter afastado essa hipótese no verão passado, “após cuidada consideração e discussão com colegas e família”.

Na anterior corrida à liderança dos Conservadores disse que “não o queria suficiente”, mas especialistas apontam que poderá avançar agora com uma candidatura.

Jeremy Hunt
O mais recente ministro das Finanças, escolhido por Truss é, segundo a SkyNews, o segundo membro do Partido Conservador melhor colocado para substituir Liz Truss.

Tendo sido anunciado no cargo na passada sexta-feira, o ministro das Finanças inglês é visto como a mais forte figura dentro do governo, tendo logo assinalado a Truss que pretende levar por diante a sua visão económica e não a prevista pela primeira-ministra, antes das eleições internas que a levaram ao cargo.

Jeremy Hunt já tentou candidaturas à liderança dos Tories por duas vezes: na última perdeu para Boris Johnson (conseguiu 34%, contra os 66% do ex-PM inglês). Também já ocupou lugares dentro do partido, nas pastas dos Negócios Estrangeiros, Saúde e Cultura.

Nas últimas eleições internas, Hunt optou por apoiar Rishi Sunak em vez de Truss, depois de ter perdido a primeira-volta. Ainda que seja um dos favoritos dentro do partido, logo após a demissão de Truss, Hunt declarou logo à Sky News que não pretendia candidatar-se a líder do Partido Conservador. Até ser lançada a campanha, poderá mudar de ideias.

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