No pós-Brexit, o Reino Unido pretende apostar numa política de imigração com regras mais apertadas. O país privilegiará a entrada de trabalhadores europeus altamente qualificados e que dominem o inglês. Ao mesmo tempo, vai tentar afastar os pouco qualificados, avança o “The Guardian”, que teve acesso a um documento oficial do executivo liderado por Boris Johnson.
O Governo britânico apresenta nesta quarta-feira o novo sistema de imigração por pontos que será usado no Reino Unido depois da saída da União Europeia, podendo vir a afectar cerca de 70% dos actuais 200 mil imigrantes que chegam todos os anos ao Reino Unido, o equivalente a 140 mil pessoas, segundo estima o “The Independent”.
O novo sistema atribuirá pontos de acordo com as habilitações, diplomas e níveis salariais e vai tratar os cidadãos europeus e não europeus «igualmente». A ideia é criar um sistema baseado nas competências dos trabalhadores e não na suas origens. Serão precisos um mínimo de 70 pontos para viver e trabalhar no país.
A ministra do Interior britânica, Priti Patel, aplaudiu a mudança, referindo-se a ela como «um momento histórico para todo o país», por colocar a política de imigração de volta às mãos do Reino Unido «pela primeira vez em décadas». «Os mais brilhantes e os melhores poderão vir ao Reino Unido», disse.
Serão, essencialmente, três os critérios a ter em conta: o contributo que o cidadão pode dar ao Reino Unido; garantias de que não representam um encargo para os serviços públicos britânicos ou que estão a tirar empregos que podiam ir para as pessoas que já vivem no país; além de garantias de que não representam uma ameaça para o país. Além disso, qualquer pessoa que queira trabalhar no Reino Unido deve ter uma oferta de emprego com um limite salarial de 25,600 libras esterlinas, embora 20,480 libras esterlinas seja aceitável em casos especiais, tais como na enfermagem.
Ao “The Guardian”, a directora geral da Confederação da Indústria Britânica, Carolyn Fairbairn, disse que a remoção do limite do número de trabalhadores qualificados era «bem-vinda», mas advertiu que em «alguns sectores, as empresas irão questionar-se sobre como recrutarão as pessoas necessárias para os seus negócios». «As empresas de assistência, construção, hospitalidade, alimentação e bebidas podem vir a ser as mais afectadas», antecipa.
O tema da imigração foi um dos temas centrais na campanha para o referendo do Brexit, em 2016. Na altura, o conservador Boris Johnson, então favorito para suceder à primeira-ministra Theresa May, propôs um sistema de pontos para «controlar» a imigração. Na prática, seriam três os critérios: o contributo que pode dar para o Reino Unido, tendo um emprego fixo ou a capacidade de falar inglês; garantias de que não representam um encargo para os serviços públicos britânicos ou que estão a tirar empregos que podiam ir para as pessoas que já vivem no país; além de garantias de que não representam uma ameaça para o Reino Unido.
Recorde-se que o Reino Unido saiu do bloco europeu às 23 horas (meia-noite de sábado em Bruxelas) de dia 31 de Janeiro de 2020, ou seja 1.317 dias após os britânicos decidirem deixar o bloco europeu num referendo em 2016. Agora, até 31 de Dezembro de 2020, Londres e Bruxelas terão de negociar a sua relação futura.














