É frequente ouvir dizer que os jovens em Portugal têm maior dificuldade na inserção no mercado de trabalho e que as taxas de desemprego são muito elevadas, apesar de serem das gerações mais qualificadas da história. Embora possa haver alguma verdade neste argumento, trata-se de uma ideia que pode ser analisada de forma mais específica a partir de diferentes perspetivas.
Neste estudo foram considerados os jovens que residem em Portugal e que têm entre 16 e 34 anos. Para algumas das análises, vamos separar os jovens em dois grupos – “os mais jovens” dos 16 aos 24 anos e “os jovens adultos” dos 25 aos 34 anos – isto permite uma compreensão mais precisa das particularidades e desafios que cada faixa etária enfrenta no mercado de trabalho.
No ano 2024, segundo os dados do INE, 20% da população residente em Portugal situa-se na faixa etária dos 16 aos 34 anos, o que se traduz num total de 2,13 milhões de jovens.
A metodologia deste estudo centra-se em desmistificar perceções comuns ou reforçar realidades acerca do mercado de trabalho dos jovens em Portugal, comparando-as com dados estatísticos. Neste contexto, o primeiro passo fundamental foi a seleção de 10 mitos ou realidades relacionadas com o emprego jovem em Portugal.
Com base em diferentes fontes estatísticas oficiais como o IEFP, o INE e a Eurostat, analisámos o panorama completo sobre o mercado de trabalho dos jovens em Portugal, comparando a sua situação com outras gerações ou com outros países europeus. Por isso, alguns dos mitos e realidades vão ser explicados em 2 perspetivas, uma interna (temporal ou geracional) e outra externa (comparativa).
Os dados da Eurostat permitiram fazer essa comparação relativa da situação dos jovens em Portugal com a de outros países. Isto é essencial para identificar se determinados desafios se verificam apenas em Portugal ou se fazem parte de uma tendência europeia mais ampla.
CARACTERIZAÇÃO DOS JOVENS EM PORTUGAL
A divisão dos jovens em dois grupos não apenas facilita uma análise mais específica, mas também reflete fases de vida distintas, com características, prioridades e necessidades diferentes.
Os mais jovens, entre 16 e 24 anos, estão tipicamente em fase de conclusão do ensino secundário ou no início do ensino superior, e muitos deles ainda não se encontram totalmente inseridos no mercado de trabalho.
Já os jovens adultos, entre 25 e 34 anos, têm em geral, uma maior probabilidade de já terem concluído a sua formação académica e procurarem uma maior estabilidade profissional.
Segundo os dados do INE, a população jovem está distribuída de forma relativamente equilibrada entre homens e mulheres. A maioria dos jovens mais novos ainda se encontra a estudar, enquanto os jovens adultos já concluíram, em grande parte, a sua formação académica e alcançaram níveis mais elevados de formação.
Em termos de participação no mercado de trabalho, os jovens adultos estão na sua maior parte integrados no trabalho, ao passo que os mais jovens, que ainda se encontram a estudar, mostram uma maior taxa de inatividade.
1. OS JOVENS ESTÃO SOBREQUALIFICADOS
Os jovens de hoje são mais qualificados do que as gerações anteriores? mais do dobro dos jovens entre 25 e 34 anos completou uma formação superior, em comparação com a geração dos 55 aos 69 anos.
A qualificação profissional refere-se ao conjunto de competências e conhecimentos que uma pessoa adquire para desempenhar uma atividade ou profissão de maneira eficiente. Algumas das componentes principais seriam as competências técnicas, as soft skills, a educação académica e a experiência prática. O desajuste entre a formação e as oportunidades disponíveis no mercado de trabalho pode levar a situações de subutilização de competências e frustração profissional.
Se a análise for feita numa perspetiva geracional, fica claro que os jovens hoje estão significativamente mais qualificados academicamente do que as gerações anteriores. Na faixa etária dos 25 – 34 anos (jovens adultos), 41% dos indivíduos possuem formação superior, em contraste com apenas 36% na faixa dos 35 – 44 anos e 28% entre os 45 – 54 anos. A diferença fica ainda mais evidente quando comparada com a geração dos 55 – 69 anos, com apenas 17% a atingir este nível de escolaridade, que é menos da metade da percentagem dos jovens de 25 a 34 anos.
Este aumento na proporção de pessoas com ensino superior reflete um maior acesso à educação. Porém, este cenário de maior qualificação também levanta desafios para o mercado de trabalho. Apesar de serem mais qualificados, muitos jovens podem enfrentar dificuldades em encontrar oportunidades de emprego que estejam à altura das suas competências académicas. Mas será que por ter maior formação académica, isto implica que realmente existe um problema de sobrequalificação profissional?
A qualificação dos jovens em Portugal é realmente superior à de outros países? a percentagem de jovens portugueses com formação superior está em linha com a média europeia.
Em Portugal, 27,5% dos jovens entre 15 e 34 anos completaram a formação superior, o que está em linha com a média da UE (27,3%). Este valor indica que Portugal tem uma distribuição equilibrada entre o nível secundário e superior, sem que a percentagem de jovens com ensino superior seja particularmente desproporcional.
Portanto, é possível afirmar que, ao contrário do que muitas vezes se acredita, os jovens em Portugal não estão mais qualificados do que o necessário em relação ao contexto europeu. Em vez disso, a sua qualificação está alinhada com a média dos seus homólogos europeus. Apesar dos jovens de hoje em dia serem cada vez mais qualificados academicamente do que as gerações anteriores, a sobrequalificação dos jovens é um mito.
O que os dados podem sugerir é que o desafio não é o excesso de qualificação profissional dos jovens, mas sim a necessidade de se ajustar melhor ao mercado de trabalho e que este possa absorver e aproveitar melhor a qualificação disponível e evitar um skills mismatch no mercado de trabalho.
2. EM PORTUGAL HÁ UMA FUGA MASSIVA DE TALENTO JOVEM
Do total de emigrantes, quantos são jovens? mais da metade das pessoas que emigram têm entre 20 e 34 anos e, comparado com outros países da UE, esta percentagem é muito elevada em Portugal.
Em 2022, 54% do total de emigrantes em Portugal (30.954 pessoas) estava na faixa etária dos 20 aos 34 anos (16.841 pessoas). Este valor indica que mais da meta- de dos emigrantes portugueses pertencem ao grupo de jovens adultos.
Este dado poderia reforçar a preocupação com a fuga de talentos, especialmente em relação aos jovens mais qualificados que poderiam contribuir significativamente para o desenvolvimento económico e social do país.
Comparando com outros países europeus, é evidente que a percentagem dos emigrantes que são jovens é relativamente alta em Portugal, encontrando-se no topo da escala em comparação com outros países europeus.
Estes números poderiam indicar uma falta de oportunidades de trabalho em comparação a outros países europeus, mas significa isto que existe uma fuga do talento jovem em Portugal?
É realmente a proporção de jovens que emigra tão elevada como se pensa? Em Portugal, apenas 1,1% dos jovens adultos (talento jovem) emigra para outros países.
A análise anterior parecia indicar que poderia existir uma fuga de talentos mas podemos ver que, embora exista emigração entre os jovens portugueses com idades compreendidas entre os 20 e os 34 anos, no último ano esta foi de 18.897 jovens, sobre um total de 1.736.908 jovens.
A análise dos dados de 2008 a 2023 mostra que a percentagem de emigração de jovens nesta faixa etária variou ao longo dos anos, mas permanece em níveis relativamente baixos, especialmente nos anos mais recentes. Por isso não podemos afirmar que haja uma fuga massiva de talentos.
Em 2023, a percentagem total de jovens emigrantes sobre o total da população jovem foi de 1,1%, o que significa que, apesar da emigração ser uma realidade, a grande maioria dos jovens permanece em Portugal. Este valor contrasta com a perceção de uma fuga em massa de talentos, demonstrando que, na verdade, a emigração afeta apenas uma pequena fração da população jovem.
Portanto, a fuga generalizada de talentos é um mito e, apesar da maioria dos emigrantes serem jovens, existe uma minoria de jovens a emigrar de Portugal.
3. A FORMAÇÃO SUPERIOR PREPARA OS JOVENS PARA O MERCADO DE TRABALHO
A formação superior é adequada às necessidades do mercado de trabalho, em termos de experiência? 65% dos jovens em Portugal não tiveram nenhuma experiência enquanto estudavam no ensino superior.
A experiência prática durante os estudos é uma componente essencial da qualificação profissional e facilita a transição dos jovens para o mercado de trabalho. Apenas 45% dos jovens em Portugal obteve uma experiência profissional durante os estudos, o que está 9 pontos abaixo da média europeia. E o mais surpreendente é que apenas 9% tiveram uma experiência remunerada durante os estudos, ⅓ da média UE.
Os dados mostram um desajuste entre a formação académica e a prática profissional dos estudantes. A baixa % de jovens com experiência durante os estudos (experiência educativa), reflete um potencial problema na capacidade do sistema educativo de fornecer uma formação prática relevante e suficiente para o desenvolvimento das competências para o mercado de trabalho.
Assim, a formação superior em Portugal não oferece uma experiência prática tão relevante como em outros países europeus e, portanto, é um mito que a formação superior prepara os jovens para o mercado de trabalho.
4. A SITUAÇÃO DOS JOVENS NEET EM PORTUGAL É CRÍTICA
A situação dos jovens NEET é realmente tão crítica? 9% dos jovens em Portugal são considerados NEET, percentagem que diminuiu para a metade na última década.
Existe uma perceção em Portugal de que a percentagem de jovens que nem estudam nem trabalham (NEET) é elevada, o que levanta preocupações sobre a sua integração no mercado de trabalho, o seu desenvolvimento profissional e o impacto desta situação no progresso económico e social do país. No entanto, para compreender esta realidade, é essencial analisar dados e compará-los com a média europeia e com a evolução ao longo dos últimos anos.
No contexto nacional, segundo os dados do INE, a taxa de jovens NEET em Portugal tem vindo a melhorar de forma gradual nos últimos anos, especialmente após a crise económica. No ano 2013, eram mais de 400 mil os jovens entre 16 e 34 anos que estavam classificados como NEET. Em 2024, este número diminuiu para 188 mil jovens, o que representa uma redução para a metade na última década. Desta forma, atualmente aproximadamente 9% dos jovens entre 16 e 34 anos em Portugal são classificados como NEET. Esta percentagem é maior no caso dos jovens adultos (25 – 34 anos) que supera em 1,3 p.p. a taxa de NEETs dos mais jovens (16 a 24 anos).
Qual é situação dos jovens NEET em relação a outros países da UE? a percentagem de jovens NEET em Portugal está 2 p.p. abaixo da média europeia.
Em Portugal, a percentagem de jovens NEET é de 9%, sendo inferior à média da UE, que se situa nos 11%. Isso significa que a proporção de jovens portugueses que se encontram fora do sistema de educação e do mercado de trabalho é menor do que a média europeia.
Este valor sugere que, embora exista ainda uma preocupação legítima em relação aos jovens NEET em Portugal, a situação não é tão crítica como muitas vezes se assume, especialmente quando comparada com vários outros países da UE ou com períodos anteriores.
Embora exista ainda margem para melhorias, especialmente em comparação com países como os Países Baixos ou a Suécia, a situação em Portugal está melhor do que se pensa. Portanto, a análise temporal (histórica) e comparativa desta variável leva-nos a confirmar que é um mito pensar que a situação dos jovens NEET é crítica em Portugal.
5. OS JOVENS NÃO SÃO TÃO AMBICIOSOS QUANTO AS OUTRAS GERAÇÕES
Os jovens (geração z) são menos ambiciosos do que as outras gerações? a geração z tem maiores aspirações de carreira, em comparação com outras gerações.
O estudo do Workmonitor 2024 da randstad fornece uma análise interessante sobre as percepções de ambição e motivações entre as diferentes gerações, refletindo as atitudes dos indivíduos em relação à carreira e ao equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. De acordo com este estudo, os jovens da geração z são considerados mais ambiciosos do que as outras gerações. No gráfico “young & hungry”, podemos ver que 46% dos respondentes da geração z acreditam que a sua geração tem as maiores aspirações de carreira, em comparação com outras faixas etárias.
Gerações mais velhas, como geração x e os baby boomers, registam percentagens mais baixas de autoavaliação de ambição, com 36% e 32%, respetivamente. Estes valores sugerem que, à medida que as gerações se tornam mais velhas, a perceção de ambição relacionada com a progressão de carreira diminui.
Isso está alinhado com a característica frequentemente associada aos jovens de procurar oportunidades rápidas de crescimento e desenvolvimento na carreira. Assim, os dados fornecidos pelo estudo reforçam que é um mito que a geração z, composta pelos indivíduos mais jovens, não é tão ambiciosa quanto as outras gerações, particularmente em termos de aspirações de crescimento e realização profissional.
6. PORTUGAL TÊM UM GRAVE PROBLEMA DE DESEMPREGO JOVEM
É o desemprego dos jovens tão elevado como se pensa? a taxa de desemprego dos mais jovens (dos 16 – 24 anos) é quase 4 vezes superior à taxa de desemprego população geral.
Em relação ao desemprego jovem, há algumas considerações a ter em conta:
Em primeiro lugar, as taxas de desemprego são inferiores às taxas atingidas no passado. Há uma década eram quase o dobro no caso dos mais jovens (16 – 24 anos) e o triplo no caso dos jovens adultos (25 – 34 anos), em situação de desemprego.
Em segundo lugar, a integração profissional dos jovens é progressiva e a diferença entre a taxa de desemprego dos jovens e a taxa de desemprego geral diminui significativamente com o avanço da idade. A faixa etária dos 25 – 34 anos (jovens adultos), atinge quase os níveis médios da população em geral, chegando a ser inferior em alguns períodos.
Os mais jovens, dos 16 aos 24 anos, apresentam taxas de desemprego mais elevadas do que a população em geral, chegando a ser 4 vezes superior à da taxa média, por isso, o desemprego elevado é uma realidade no caso dos mais jovens, mas não no caso dos jovens adultos.
Em comparação com outros países, o desemprego dos jovens é tão elevado como se pensa? a diferença entre a taxa de desemprego dos mais jovens e a taxa geral em Portugal é uma das maiores da Europa.
Fazendo uma comparação com outros países da UE, podemos ver que a diferença entre a taxa de desemprego dos mais jovens e a taxa geral não é um fenómeno pouco frequente na Europa. No conjunto da UE, a taxa de desemprego dos mais jovens é, em média, mais do dobro da taxa global.
Mas, no caso de Portugal, este rácio é ainda maior (1,1 pontos acima da média da UE), chegando a ser de 3,6 pontos. Desta forma, Portugal é um dos países com maior diferença entre a taxa de desemprego dos mais jovens e a taxa de desemprego da população geral.
Podemos concluir, que é uma realidade que Portugal tem um grave problema de desemprego dos mais jovens, tanto em comparação com outras faixas etárias como em comparação com outros países europeus.
7. OS JOVENS TÊM MAIS FACILIDADE EM MUDAR DE EMPREGO DO QUE OUTRAS GERAÇÕES
Os jovens mudam de emprego com maior facilidade? 20% dos mais jovens mudou de trabalho nos últimos 6 meses e 29% planeia mudar nos próximos 6 meses, superando as outras gerações.
Segundo a última edição do randstad employer brand research de 2024, a taxa de turnover (mudança de emprego) e o intenção de mudar de emprego é diferente dependendo da idade dos profissionais que respondem, neste caso da geração. Os resultados deste estudo mostram que os que mudaram recentemente de emprego são maioritariamente jovens, isto é da geração z, e os que planeiam fazê-lo nos próximos meses são, mais uma vez, da geração z.
Na resposta à pergunta “mudou de emprego nos últimos 6 meses” 20% da geração z respondeu que sim, em comparação ao 8% da geração x ou 4% dos baby boomers. Isto significa uma diferença de 7 p.p. em relação à média de todas as gerações (13%). Por outro lado, na respostas à pergunta “planeia mudar de emprego nos próximos 6 meses, a geração dos mais jovens (29%) continuou a superar a média de respostas (25%), seguido dos millennials ou jovens adultos (28%). Portanto, é uma realidade que os jovens têm mais facilidade em mudar de carreira ou trabalho do que as outras gerações.
8. OS JOVENS PREFEREM TRABALHAR EM ÁREAS TECNOLÓGICAS
Os jovens realmente têm uma maior preferência por trabalhar em áreas tecnológicas? 22% dos graduados portugueses obtiveram uma formação superior nas áreas mais tecnológicas.
As áreas de formação mais tecnológicas incluem as tecnologias da informação e da comunicação e as engenharias, que são as áreas mais focadas no desenvolvimento científico e técnico, na criação de soluções inovadoras e na aplicação prática de tecnologias em diversos setores.
Com base nos dados da Eurostat, em Portugal, 22% dos universitários formam-se em áreas consideradas tecnológicas – TIC (3%) e engenharias (19%). Este valor é ligeiramente superior à média da UE, de 20%.
A área de engenharia tem uma representatividade significativa e de destaque em Portugal, com 19% dos graduados a optar por esta formação, 4 p.p. acima da média da UE. A área de TICs, no entanto, tem uma representatividade um pouco menor com 3% dos universitários em Portugal em comparação com 5% da média europeia.
Os jovens realmente têm uma maior por preferência por trabalhar em áreas mais tecnológicas? Portugal é um dos países com maior percentagem de graduados em engenharia da Europa.
Com base nos dados apresentados e disponibilizados pela Eurostat, Portugal destaca-se como um dos países da Europa com uma das maiores percentagens de jovens universitários na área de engenharia, produção e construção, com 19% do total de graduados em Portugal, o que coloca o país numa posição elevada em comparação com outros países da UE.
Quando comparado com países vizinhos, com uma estrutura económica semelhante a Portugal, esta diferença é ainda maior. Em Espanha, apenas 11% dos universitários são formados em engenharia, e em Itália, a percentagem é de 14%, ambas abaixo do valor registado em Portugal.
Este dado sugere que em Portugal há uma maior preferência pela formação na área das tecnologias em comparação com a média europeia e mais ainda com os países do sul da Europa. Logo, podemos dizer que é uma realidade que os jovens portugueses têm uma maior preferência por estudar, e potencialmente trabalhar, nas áreas mais tecnológicas.
9. OS CONTRATOS A TERMO SÃO MAIS COMUNS ENTRE OS MAIS JOVENS
A maior percentagem de contratos a termo é apresentada pelos jovens? 53% dos contratos assinados pelos profissionais mais jovens (16 aos 24 anos) são contratos a termo.
Segundo os dados do INE a percentagem de contratos a termo é sistematicamente mais elevada nos grupos etários jovens. Este tipo de contratos podem ser uma alternativa atrativa no caso dos jovens porque oferecem uma série de benefícios que podem contribuir significativamente para o seu desenvolvimento profissional e facilitar a sua inserção no mercado de trabalho.
Em 2023, 53% dos profissionais entre 16 e 24 anos (os mais jovens) estavam empregados com contratos a termo, enquanto 25% dos trabalhadores entre 25 e 34 anos (jovens adultos) também tinham este tipo de contrato. Em comparação, apenas 13% dos trabalhadores dos 35 aos 44 anos e 7% daqueles com 45 anos ou mais possuíam contratos a termo. Esta disparidade entre as faixas etárias indica que os jovens, especialmente os que estão no início da carreira, enfrentam uma forte dependência de vínculos temporários.
Esses números reforçam que é uma realidade que os jovens em Portugal apresentam uma maior proporção de contratos a termo do que as outras gerações.
Há uma maior proporção de contratos a termo nos mais jovens em Portugal do que no resto de países europeus? a proporção de profissionais com contrato a termo jovens em Portugal está 8 pontos acima da média europeia, sendo apenas superada por três países.
Esta situação é mais frequente nos jovens porque oferece uma boa oportunidade para iniciar a sua carreira, proporcionando experiência prática, o desenvolvimento de competências e maiores oportunidades de networking. Além disso, a flexibilidade dessa modalidade permite a conciliação com os estudos, tornando-se numa boa opção num mercado cada vez mais competitivo.
Segundo os dados da Eurostat também é possível reforçar a ideia de que os mais jovens em Portugal apresentam uma maior proporção de contratos a termo em comparação com a maioria dos países da UE. Comparando Portugal com outros países, vemos que a proporção de profissionais temporários, principalmente dos mais jovens (dos 15 aos 24 anos) é bastante elevada (56%). Isto significa que a proporção dos jovens com contratos de trabalho a termo em Portugal está 8 pontos acima da média europeia, sendo apenas superada por Itália, Polónia e Países Baixos.
Esses números reforçam a realidade de que a juventude portuguesa apresenta uma maior proporção de contratos a termo do que a maioria de países europeus.
10. A REMUNERAÇÃO DOS JOVENS EM PORTUGAL É INFERIOR À MÉDIA EUROPEIA
Os jovens portugueses ganham menos do que os jovens de outros países europeus? os jovens portugueses ganham quase metade da média dos jovens europeus.
Segundo os dados da Eurostat, em Portugal, os ganhos médios da população geral e também dos jovens (menos de 30 anos) estão abaixo tanto da média da UE como da maioria dos países europeus, particularmente do norte e centro da Europa. Esta disparidade não se reflete apenas em diferenças salariais, mas também nas oportunidades de acesso a melhores condições de vida e até na possibilidade de construção de uma carreira sólida no seu país de origem. Além disso, o poder de compra e as condições de habitação, elementos cruciais para a independência dos jovens, são diretamente influenciados pelos rendimentos obtidos. Esta comparação torna evidente que os jovens portugueses enfrentam um contexto difícil em termos de rendimento, o que pode contribuir para o desânimo em relação às oportunidades no mercado de trabalho. Portanto, é uma realidade que a remuneração dos jovens em Portugal é inferior à média europeia.
Artigo publicado na Revista Executive Digest n.º 226 de Janeiro de 2025














