O mercado de trabalho português voltou a atingir marcas históricas no terceiro trimestre de 2025. Segundo a análise da Randstad Research, com base nos dados do Inquérito ao Emprego do INE, Portugal nunca teve tantas pessoas a trabalhar — nem tantas com ensino superior. Pela primeira vez, esta é a qualificação mais representada na população ativa e no emprego.
O ensino superior tornou-se o nível de escolaridade dominante no mercado de trabalho português. Representa 34,5% da população ativa e 35,9% dos profissionais empregados, além de registar as taxas mais elevadas de participação e emprego.
A população ativa aumentou em 80,9 mil pessoas e ultrapassou os 5,658 milhões, um máximo histórico. Em termos homólogos, cresceu 3,3%, com a taxa de atividade a subir para 61,4%. Entre os ativos, quem tem ensino superior apresenta uma taxa de atividade de 83,1%, a mais elevada de todos os níveis de escolaridade.
A população empregada também atingiu um novo máximo, com 5,332 milhões de pessoas — mais 83,8 mil num trimestre. O peso dos trabalhadores com ensino superior nunca foi tão alto, fixando-se em 35,9%. A taxa de emprego deste grupo é igualmente a mais robusta: 79,1%.
Entre os 4,52 milhões de trabalhadores por conta de outrem, 84,9% têm contrato sem termo. O emprego temporário desceu para 15,1% (-0,5 p.p.).
No setor público, o emprego aumentou para 759.402 trabalhadores, mais 1,8% em termos homólogos. A administração central concentra 74,4% do total e 92,7% do emprego público está localizado no continente.
Já o desemprego recuou ligeiramente: menos 2,9 mil pessoas face ao trimestre anterior, para 326,6 mil, estabilizando a taxa nos 5,8%.
As remunerações continuam a crescer. Em agosto de 2025, o salário médio fixou-se em 1.568,97 euros (+4,7% face ao ano anterior). Lisboa mantém-se no topo, com 1.745,86 euros.
“Os dados do terceiro trimestre de 2025 revelam uma transformação estrutural: o mercado de trabalho português está hoje mais qualificado do que nunca, com o ensino superior a liderar tanto na atividade como no emprego. Este contexto, marcado também por máximos históricos de participação laboral, coloca novos desafios às organizações: a necessidade de reter talento altamente qualificado, ajustar modelos de trabalho mais flexíveis, aumentar a produtividade e garantir que as competências acompanham a evolução tecnológica e digital. A capacidade de alinhar estas exigências será determinante para a competitividade das empresas e para a sustentabilidade do mercado de trabalho português”, afirma Isabel Roseiro, Diretora de Marketing da Randstad.
Teletrabalho em retração
Depois de ter crescido nos últimos anos, o teletrabalho recuou no terceiro trimestre. Menos 59,4 mil profissionais trabalharam total ou parcialmente a partir de casa, baixando o total para 1,04 milhões de pessoas — 19,4% dos empregados.
Lisboa e Península de Setúbal são as únicas regiões acima da média nacional. Entre quem recorreu ao teletrabalho, 38,5% optaram por um modelo híbrido, 26% trabalharam sempre de casa e 15,2% apenas ocasionalmente.
Criação de empresas continua a superar dissoluções
A dinâmica empresarial manteve-se positiva até setembro de 2025. Foram criadas 39.242 empresas e dissolvidas 9.464, retomando o saldo amplamente positivo observado em 2023. Os dados do INE, Banco de Portugal e DGPJ apontam para um ambiente favorável ao investimento e ao empreendedorismo, reforçado pela melhoria das qualificações no mercado de trabalho.














