Fintechs e bancos tradicionais – aliados ou inimigos?

Por Paulo Cunha, Member of the Management Team e Digital International Director na ITSector

Nos últimos anos, temos testemunhado a Transformação Digital do setor financeiro a nível mundial, devido ao crescimento das fintechs. Estas empresas propõem combinar a tecnologia às finanças para oferecer serviços inovadores aos seus clientes e a sua ascensão tem colocado vários desafios às instituições financeiras tradicionais.

Segundo um relatório apresentado pela McKinsey, em julho de 2023, as fintechs de capital aberto representavam uma valorização de mercado de 550 mil milhões de dólares, um aumento duas vezes superior face a 2019. Estes números não refletem apenas o sucesso das fintechs, mas demonstram, também, uma mudança na preferência dos consumidores e, consequentemente, em todo o universo financeiro.

Apesar de, em 2022, o ritmo de crescimento destas empresas ter abrandado, o mesmo relatório indica que as receitas deste setor deverão crescer, até 2028, quase três vezes mais do que as do setor bancário tradicional. Este rápido desenvolvimento é impulsionado pela crescente digitalização a que temos vindo a assistir, pelo aumento do comércio eletrónico e, também, pela maior procura da parte dos consumidores por soluções mais acessíveis e convenientes.

Se por um lado as fintechs estão a conquistar cada vez mais terreno neste mercado, as instituições financeiras tradicionais veem-se perante diversos desafios para conseguir acompanhar este ritmo. Muitas entidades bancárias têm, ainda, sistemas de operação antigos, o que as torna menos ágeis e capazes de responder às exigências dos clientes. Ainda assim, podemos observar que muitos bancos estão a adaptar os seus processos, sobretudo após a pandemia, o que acelerou consideravelmente a digitalização.

Nesta fase, a questão que se impõe é: será que as fintechs substituem os bancos tradicionais? Apesar das tecnológicas financeiras oferecerem uma experiência otimizada, com interfaces digitais intuitivas e processos simplificados e personalizados, a banca tradicional ocupa uma posição consolidada no mercado devido à sua dimensão, solidez e oferta complementar de serviços. Assim, acredito que uma não deverá substituir a outra. Ao invés, devem colaborar de forma a usufruírem das vantagens distintivas de cada uma. Por um lado, os bancos tradicionais beneficiam da inovação e agilidade das fintech. Já da outra face da moeda, verifica-se um aumento na confiança nas tecnológicas financeiras que aproveitam as décadas de fidelidade dos clientes, a dimensão empresarial e a rede estabelecida. Mas não só!

Em primeiro lugar, os bancos tradicionais por norma recebem depósitos mais avultados, comparativamente às fintechs, por isso, através desta colaboração, as instituições estariam a promover sistemas financeiros integrados e otimizados. Por outro lado, e fruto desta colaboração, a regulamentação passaria a ser feita pelas mesmas instituições governamentais, conduzindo, desta forma, a um aumento da confiança nas instituições financeiras. Por fim, o modus operandi do sistema financeiro melhoraria como um todo face à tecnologia de ponta que as fintechs trazem para a mesa.

Deste modo, podemos concluir que a colaboração entre fintechs e instituições financeiras tradicionais é a estratégia mais indicada para o futuro do setor financeiro, uma vez que ambas apresentam as suas vantagens e desafios. Desta forma, podem aprender e crescer juntos, com o objetivo de responderem às crescentes exigências dos clientes que estão sempre em constante evolução.

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