Nos negócios, o caminho da internacionalização é um desafio que se coloco à frente de muitos empresários, e que requer muita dedicação e perserverança até à consolidação da marca noutro mercado.
Em entrevista à Executive Digest, Eduardo Xavier, sócio fundador da Taberna Londrina, falou sobre o processo de internacionalização da marca e os novos horizontes que pretendem percorrer.
O que os motivou a entrar neste mercado e quais foram os maiores desafios que enfrentaram no início da operação em Portugal?
Eu e o Francisco Francisco Varela somos amigos de liceu e quando terminámos a licenciatura tivemos a ideia de abrir um espaço ligado à área da restauração. Na altura, e estamos a falar de 2014, tivemos o ímpeto de abrir uma casa, em Guimarães, que fosse um local onde se sentisse um verdadeiro espírito de cervejaria moderna, onde se respirasse a cultura de snack, mas que ao mesmo tempo tivesse no menu algo que agarrasse as pessoas: a nossa Francesinha.
De facto, a nossa Francesinha foi e ainda hoje é aquilo que as pessoas mais procuram. É uma mistura de tradição e modernidade, ao termos um molho mais doce e menos picante e, ao mesmo tempo, mais leve. Tem sido o prato mais requisitado e que nos tem dado nome. No fundo, e olhando para trás, já estamos a caminho das 20 casas, já em dois mercados – quase, quase em três – e o que hoje fazemos é globalizar este prato típico da gastronomia portuguesa. A Francesinha hoje não é só do Norte do país, é também do Sul. É dos quatro cantos de Portugal e lá fora também, onde haja comunidades portuguesas nós queremos estar.
Posteriormente, entraram os outros dois sócios que constituem a administração, o André Novais e o Sérgio Cunha que trouxeram um grande e vasto know-how na área da restauração e que foram absolutamente imprescindíveis no processo de expansão da Taberna Londrina. É uma equipa que funciona bem e que junta à ambição a inquietude e o inconformismo. Tem sido esta a chave para o nosso sucesso.
O que os motivou a expandir o negócio para Paris? Como foi o processo de internacionalização?
Onde há uma forte presença da comunidade portuguesa nós queremos estar. Depois de nos expandirmos um pouco por todo o país, surgiu a ideia e o desafio de levar esta aventura para fora de portas. Paris, mais precisamente na região de Saint-Maur/Créteil, foi o destino que escolhemos pela forte presença de portugueses naquela região. Era algo que nos vinham pedindo ao longo dos anos, sempre que no verão os nossos emigrantes nos visitavam, ou seja, que chegássemos até eles. Foi só esperar pelo momento e pela oportunidade certa.
O processo de internacionalização é um verdadeiro desafio. Não só para replicarmos a nossa imagem, o nosso conceito, a nossa operação – muitas pessoas não sabem, mas o nosso molho ainda é todo feito num único sítio e depois distribuído para as várias casas que temos, incluindo Paris – o nosso standard de qualidade e de serviço, mas também, e acima de tudo, para nos adaptarmos ao público parisiense e ao país em si.
A comunidade portuguesa é a nossa rede de segurança, porém, o público francês é onde queremos chegar a médio prazo. Há todo um trabalho para nos darmos a conhecer e para nos adaptarmos a todo este novo universo. Este trabalho é contínuo e está a ser feito desde o dia da abertura.
O que os levou a escolherem o Luxemburgo como próximo destino de expansão? Quais são as expectativas?
É outro país onde está concentrada uma forma comunidade portuguesa, além de ficar próximo de outros mercados muitos interessantes, como o belga, o alemão, suíço e ainda ser fronteira com o francês. Iremos para o EY Building, no coração do centro financeiro de Kirchberg, na cidade de Luxemburgo, uma zona muito diferente daquela em que estamos em Saint-Maur. A expectativa é alta, se tudo correr bem ainda iremos abrir no último trimestre do ano e vamos ajustar a nossa oferta às necessidades próprias do local e do país. Por exemplo, teremos um menu de pequenos-almoços, além de outras ofertas exclusivas neste território.
A ida para França foi importante para também percebermos e aprendermos sobre as exigências próprias de cada país e é isso que agora faremos em cada novo território.
Há planos para expandir para outros países além da França e Luxemburgo? Quais são os próximos passos?
Sim, planos claramente que há. Há outros países de interesse não só na Europa mas também noutros mercados como nos Estados Unidos da América. Porém, vamos tentar consolidar ainda mais, e com mais tempo, a nossa presença nestes mercados onde já estamos e, fundamentalmente, sem deixar de apostar no mercado interno, em Portugal, onde ainda há várias cidades de interesse e para onde queremos muito ir.
Sentem que a expansão internacional ajudou a reforçar a imagem da marca em Portugal?
Sem dúvida. A credibilidade e a notoriedade da marca acabam por sair reforçadas. Acima de tudo, sentimos que o nosso público e consumidor em geral percebe e sente que somos uma marca presente e que procura melhorar e evoluir.
Que conselhos dariam a outros empreendedores que desejam internacionalizar seus negócios?
Que mantenham a ambição no topo das prioridades. É um processo sinuoso e de grande coragem. É sempre um risco caminhar no desconhecido, mas com a estrutura, com um planeamento, com a ambição tudo é possível.














