É conhecido como o ‘Caso Mediador’ e tem feito correr muita tinta nos meios de comunicação em Espanha. Em causa está uma alegada rede de corrupção, num esquema que envolve empresários e políticos, pagos com festas com prostitutas, cocaína e viagra.
A polémica ‘apanhou’ Juan Bernardo Fuentes, principal arguido no processo desencadeado pelas autoridades espanholas e deputado do PSOE; que teve de renunciar ao cargo após uma série de pressões.
Tudo terá ocorrido entre o final de 2020 e início de 2021, sendo que a alegada rede de corrupção e tráfico de influências envolve pelo menos 12 empresários das Canárias, da área da agricultura e pecuária, que pagavam por favores de pessoas influentes que pudessem intervir a nível político nacional, para conseguirem licenças, acordos vantajosos ou apoios.
Os envolvidos estão acusados de corrupção passiva, tráfico de influências, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e participação em organização criminosa. Juan Bernardo Fuentes reclama inocência e ficou em liberdade, mas o partido teme que o escândalo tenha efeitos políticos, a poucos meses das eleições regionais espanholas.
A investigação começou depois de uma denúncia não relacionada contra Marcos Antonio Navarro Tacoronte, outro dos envolvidos e principais arguidos do processo, que servia de mediador do esquema. Como tinha autorizado escutas e o advogado suportar que os telemóveis tinha “informações que afetavam ao Governo”, o juiz ficou curioso e começou a investigação.
Navarro tinha fotografias e vídeos, agora divulgados, que mostram os envolvidos no caso em quartos de hotel, com prostitutas e a consumir drogas.
Para conseguir as vantagens pretendidas, os empresários teriam de pagar 5000 euros para a Associação Desportiva de Tetir, cujo presidente era Juan Bernardo Fuentes. Também havia cartões que eram carregados com dinheiro para serem entregues aos beneficiados, sendo que todos os gastos dos encontros entre políticos e mediadores, com o fim de tentar garantir os benefícios, eram pagos por quem os queria pedir. O El Mundo detalha que havia que pagar voos, hotéis de luxo, jantares e ainda alguns ‘extras’, que podiam chegar aos 3500 euros.
Antes de cada festa, os envolvidos teriam que pagar o respetivo depósito na Direção-Geral de Pecuária ou no comando da Guardia Civil.
Foi o próprio Navarro a denunciar os crimes, afirmando que chegou a organizar festas privadas, algumas que encerravam os espaços, durante os confinamentos em Espanha devido à pandemia da Covid-19.
O PSOE está preocupado com o caso que envolve um seu deputado, segundo o El Periódico, e já garantiu que não há mais envolvidos no escândalo com a mesma cor política.
O PP já pediu uma comissão de investigação no parlamento espanhol ao caso, enquanto o governo reage nas palavras do ministro espanhol da Agricultura, Pescas e Alimentação, Luís Planas, que diz: “Esperamos e desejamos que não haja mais nada para além do que já saiu”.














