A economia portuguesa está “quase parada” e a “sofrer um choque inimaginável”, afirmou esta segunda-feira, em entrevista à TVI, o ministro das Finanças.
Os impactos desta paralisação serão de 6,5% do PIB anual a cada trinta dias úteis em que a economia esteja tão parada como está agora – mas o impacto é “tudo menos linear”, porque a economia se vai “deteriorando”, explica Centeno.
Ainda assim, sublinha, no conjunto do ano, “acho que não” vamos chegar a uma queda de dois dígitos do PIB. Mas alerta que no segundo trimestre, a queda será 4 ou 5 vezes qualquer queda já vista num trimestre em Portugal.
“O segundo semestre vai ter uma quebra próximo de 4 ou 5 vezes o máximo que já vimos um semestre cair em Portugal. (…) O défice de 2012 caiu 4,3 mas vai parecer uma flutuaçãozinha simples”, disse Mário Centeno.
Questionado sobre quando poderemos voltar à situação de 2019 – ano em que, pela primeira vez nos últimos 40 anos, o país fechou as contas públicas com excedente orçamental – Centeno respondeu que calcula que regressemos a esses números em cerca de “dois anos”.
O ministro das Finanças revelou ainda o impacto das medidas até agora tomadas para fazer face aos efeitos da pandemia: “Pensamos que os estabilizadores automáticos possam representar juntamente com as medidas que já tomámos de apoio ao emprego números próximos dos seis, sete mil milhões de euros, que obviamente não vamos retirar da economia. São os efeitos que temos dos subsídios de desemprego, o lay-off simplificado, a flutuação cíclica com a economia na receita de impostos e contribuições”, adiantou o titular das Finanças.
Centeno foi ainda confrontado com a frase de António Costa, que na semana passada disse que não iria aplicar medidas de austeridade semelhantes à crise de 2008: “A austeridade não é solução” durante e no pós-crise, sublinhou.
Ao que o ministro respondeu: “O que temos que garantir é que há dinheiro para acudir à fase aguda da crise. É uma crise temporária, não é uma crise do nosso mercado de trabalho, não é uma crise do mercado financeiro, dos bancos. Estamos a tentar resolvê-la na sua origem, que não é económica. E temos que desenhar com a União Europeia o processo de saída desta crise. Não é uma saída imediata, porque não há solução definitiva para a crise sanitária, mas vamos tentar recuperar ao longo do ano”.
O ministro das Finanças lembrou ainda que em 2008, as contas públicas portuguesas foram sinalizadas por serem frágeis e que neste caso, Portugal entra na crise com superávite. “Desta vez, o paciente está em melhor estado”. E, desta vez, também a crise é diferente, concluiu.














