Nova SBE: Educação executiva com impacto

A transformação digital está a redefinir o ensino e a forma como se preparam líderes para os desafios do futuro.

Executive Digest
Julho 16, 2025
11:35

A adaptação às novas tecnologias é hoje uma prioridade estratégica para qualquer organização — e o ensino superior não é excepção. Na Nova SBE, essa transformação faz-se de dentro para fora: com novas metodologias de ensino, uma forte componente prática e uma aposta clara na inteligência artificial como motor de mudança. A escola quer formar líderes capazes de pensar criticamente, agir com impacto e usar a tecnologia de forma responsável.

Em entrevista à Executive Digest, Miguel Bello, Executive Director of Corporate Relations & Quantum Leap Strategy da Nova SBE, e AI Portfolio Director da Nova SBE Executive Education, explica como a instituição se está a adaptar às novas tecnologias.

A transformação digital está no centro das grandes mudanças económicas e sociais. De que forma a Nova SBE tem procurado formar líderes preparados para responder a este desafio nas empresas e na sociedade?

A Nova SBE aposta num modelo de “practical wisdom”, onde a formação vai além da teoria. Aliás, a aplicabilidade prática dos nossos programas é sempre um dos indicadores onde a Formação de Executivos da Nova SBE está no top 5 a nível mundial nos rankings do Financial Times.

Temos oferta de programas para os vários segmentos, desde os nossos Management Retreats para equipas de direcção e C-Level, que podem estar 100% focados no desenho da transformação digital, até jornadas formativas para PME como o Líder+Digital PME (em parceria com o IEFP) e uma forte aposta em experiências aplicadas. Esta aposta na “practicidade” também se verifica no online: todos os nossos programas online incluem um projecto prático numa plataforma dedicada. Nos restantes programas presenciais, integramos ferramentas de Inteligência Artificial (IA), sessões com especialistas internacionais e discussão sobre tendências tecnológicas emergentes.

O nosso objectivo final é formar líderes com pensamento estratégico, espírito crítico e capacidade de acção num contexto de transformação digital constante.

Como tem evoluído a integração de competências digitais nos vossos programas de ensino, tanto ao nível das licenciaturas como das pós-graduações e programas executivos?

As competências digitais estão hoje embutidas transversalmente. Há cinco anos, eram uma camada adicional. Hoje, fazem parte do ecossistema pedagógico da escola. Os alunos de licenciatura e mestrado têm acesso a ferramentas como o Microsoft Copilot em ambiente seguro, ao Microsoft Teams para colaboração e plataformas digitais de apoio à aprendizagem. Existem módulos obrigatórios relacionados com estas competências (uma espécie de “digital fundamentals” que atualmente é muito alargado) e módulos opcionais muito abrangentes que vão desde low code, plataformas de no-code, programação, AI Agents, etc.

Os professores e colaboradores também estão inseridos nesse ecossistema, sendo capacitados para integrar tecnologia no seu dia a dia académico e operacional.

Nos executivos temos integrado competências digitais transversalmente, sendo naturalmente o expoente máximo disso o nosso Portfolio de IA onde integramos Large Language Models em várias fases, desde a inovação à estratégia, passando pela integração de Syntetic users no Marketing para acelerar a criação de personas e testes de conceitos.

De que forma os vossos alunos são expostos a experiências práticas com ferramentas digitais, dados, inteligência artificial ou transformação de negócios em contexto real?

Todos os anos facilitamos mais de 400 projectos entre alunos e organizações reais. A maioria desses desafios envolve componentes de transformação digital, desde análise de dados, IA aplicada ou reconfiguração de modelos de negócio. Estimulamos a utilização de ferramentas digitais, mas também formamos para o pensamento crítico — os alunos aprendem a interpretar, adaptar e corrigir os outputs gerados por IA, compreendendo limitações e enviesamentos. Valorizamos a transição de “criador” para “editor” de conteúdos e decisões mediadas por tecnologia.

O campus da Nova SBE é frequentemente apontado como um exemplo de inovação. Que papel tem a tecnologia na forma como gerem o ambiente académico, a aprendizagem e a interacção com a comunidade?

A nossa infraestrutura é profundamente digital. Desde a relação aluno-escola, que vive em plataformas digitais, até elementos físicos como cacifos inteligentes, restauração com app e o supermercado Pingo Doce totalmente automatizado (staff-free e cashless). Nas salas de aula, temos quadros interactivos e espaços preparados para o modelo híbrido. Na gestão do campus, usamos IoT para a ronda dos seguranças e gestão de resíduos, e em programas executivos, por exemplo, a assiduidade é feita via tablet, optimizando toda a operação.

A Nova SBE tem uma forte ligação ao ecossistema empresarial. Que tipos de parcerias ou projectos têm vindo a desenvolver este ano para apoiar as empresas na sua transformação digital?

Temos desenvolvido programas customizados com grandes empresas, em especial na área dos serviços financeiros, onde estamos a contribuir para uma jornada de transformação digital e capacitação em IA. Também trabalhamos com empresas do sector de saúde, real estate, retalho e sector público, desenvolvendo desde upskilling de equipas até a co-construção de estratégias de IA. Estas parcerias juntam o conhecimento académico à aplicabilidade real, com foco em impacto e inovação. Destacaria ainda um projecto muito especial: o Digital Data Design Institute, instituto irmão do homónimo em Harvard, que terá um verdadeiro AI Experience Lab onde empresas poderão testar os melhores modelos para a sua transformação digital, testando soluções para desafios reais.

A inteligência artificial tem vindo a transformar também o sector da educação. Que riscos e potencialidades tem vindo a identificar na aplicação da IA ao ensino superior?

A IA está a mudar a forma como ensinamos. Em algumas aulas usamos IA intensivamente, noutras pedimos que os alunos desliguem os computadores e se concentrem no diálogo. A avaliação também evolui — menos entregas tradicionais, mais interacção oral e trabalho em grupo com apresentações. Os riscos passam pela superficialidade ou dependência excessiva, mas as potencialidades são enormes: personalização da aprendizagem, feedback em tempo real e maior eficiência nos processos académicos e administrativos. Ainda neste semestre lectivo que agora terminou pude comprovar isto da primeira fila: os alunos da cadeira que lecciono, “Consulting in Hospitality & Tourism” tinham apenas seis semanas para trabalhar um conjunto de projectos indicados directamente pelo Turismo de Portugal e a Secretaria de Estado do Turismo. Sem IA, só a fase de benchmarking de soluções teria durado mais do que seis semanas. Assim pudemos concentrar as aulas em apresentação de deliverables e discussão dos caminhos seguidos. Entre aulas eles iam avançando e tirando algumas dúvidas via office hours. O resultado final foi verdadeiramente espectacular e acho que tivemos dois ganhos: aprenderam o pensamento crítico e a resiliência necessária para fazer consultoria mas também aprenderam a dominar as ferramentas de IA e a usar o seu espírito crítico para elevar a qualidade do output final.

A transformação digital exige também uma mudança cultural. Que tipo de mentalidade procuram cultivar nos vossos alunos para que sejam agentes de mudança nas organizações onde vão trabalhar?

Promovemos uma mentalidade de curiosidade crítica, responsabilidade ética e acção orientada a impacto. Os nossos alunos são incentivados a experimentar, a desafiar o status quo e a integrar tecnologia com propósito. Queremos que saibam usar ferramentas digitais com discernimento e que sejam catalisadores da mudança nas organizações onde actuarem. Estamos muito focados em garantir que todos na escola criem um “AI Mindset”, mas que seja orientado para o impacto e com responsabilidade.

Têm surgido novas áreas de investigação e ensino relacionadas com o digital e a tecnologia. Que tendências se estão a tornar estruturais na oferta da Nova SBE?

Estamos a consolidar áreas mais tecnológicas como IA, Data Science, Tech Operations mas também a trabalhar outras que vão ser igualmente importantes num mundo com mais tecnologia: Leadership (Servant, Responsible, Meaningful), Future of Work (skills do futuro), Políticas Públicas e Longevidade. E temos tentado criar sinergias entre as duas áreas através das parcerias internas entre o Digital Data Design Institute e o Instituto de Políticas Públicas, num projecto que visa dotar as autarquias de competências na área de IA.

Como é que a escola se está a preparar internamente – em termos de processos, sistemas e Recursos Humanos – para responder a este novo contexto digital?

Estamos a rever processos de ponta a ponta. Utilizamos PowerApps para criar soluções ágeis internas, IA para apoiar mentorias e gerar conteúdos de formação. Em breve, iremos automatizar FAQ para colaboradores e melhorar os sistemas de onboarding com assistentes digitais. A aposta é ser mais ágil, centrar em dados e orientar para a inovação organizacional. Isto implica uma optimização eficiente de recursos. Felizmente é uma escola muito empreendedora e isso tem levado internamente a uma busca estruturada sobre qual o melhor modelo organizacional para responder a este novo contexto digital.

Que papel ambiciona a Nova SBE desempenhar, nos próximos anos, no avanço da transformação digital em Portugal e no reforço da sua posição de referência no contexto europeu?

Cada vez mais a Nova SBE tem vindo a afirmar-se a nível nacional, europeu, e mundial por um foco no impacto: nas pessoas, nas empresas e na sociedade. Sabemos que temos um papel a desempenhar na competitividade nacional onde queremos liderar a formação de executivos em IA e ajudar as nossas empresas no processo de transformação digital.

Queremos ser uma referência internacional neste campo pois somos da opinião de que a IA pode representar uma oportunidade única de crescimento para o país. Queremos manter a matriz de “praticalidade”, rigor e excelência que nos distingue, podendo ao mesmo tempo ser um laboratório vivo de inovação digital aplicada ao ensino e à investigação, onde se impulsiona a colaboração entre a academia e empresas.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Transformação Digital”, publicado na edição de Junho (n.º 231) da Executive Digest.

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