Por Rita Silva, Senior Associate em HR Solutions da Aon Portugal
Cuidar das pessoas deixou de ser apenas um princípio ético, tendo-se tornado estratégico para qualquer organização que queira garantir resiliência, motivação e produtividade a longo prazo.
Todos os anos, cerca de 20 milhões de pessoas são globalmente diagnosticadas com cancro. Este número impressiona e não representa apenas um desafio clínico – é também um alerta para empresas, famílias e comunidades. Cada vez mais organizações estão a adotar uma abordagem proactiva face a esta e outras doenças, crónicas ou não, investindo na prevenção como pilar estratégico, sendo esta uma tendência incorporada na abordagem à Saúde e Bem-Estar desenvolvida por muitas organizações em Portugal.
Investir na prevenção é muito mais do que uma boa prática, é uma estratégia de futuro. Os cuidados preventivos permitem que uma série de situações clínicas possam ser detetadas precocemente criando um efeito positivo na Saúde e na produtividade, mas também contribuindo positivamente para a redução de custos diretos, como custos com programas de saúde e tratamentos, e indiretos, como custos relacionados com absentismo e necessidade de reajustamento de equipas e/ou recrutamento. A tomada de consciência desta correlação, demonstrada por métricas e KPI’s específicos, nos resultados estratégicos das empresas, tem permitido o envolvimento e o sponsorship, de mais e diferentes stakeholders, no ecossistema de governação de Bem-Estar e Prevenção.
Ao longo dos últimos anos, temos assistido a uma mudança de mentalidade no tecido empresarial português. As organizações começaram a integrar políticas de bem-estar e prevenção no seu planeamento estratégico que não se trata apenas de oferecer programas de saúde, mas de promover hábitos saudáveis, criar acesso a cuidados preventivos e desenvolver culturas organizacionais que coloquem as pessoas no centro.
As empresas que apostam na prevenção já estão a dar passos importantes e estão a ver resultados: menos dias perdidos por doença, maior engagement das equipas e, muitas vezes, uma redução expressiva nos custos associados a tratamentos tardios e à rotatividade de talento. Mas continuam a existir desafios nesta temática, a limitação de recursos, humanos e financeiros, continua a ser uma barreira, sobretudo quando se trata de implementar soluções transversais que abranjam dimensões como saúde mental, rastreios periódicos e estilos de vida ativos. É, pois, fundamental procurar uma estratégia transversal e holística, que ofereça apoio físico, emocional, financeiro e social, para se alcançar o sucesso e progressivamente criar mecanismos de report e medição que permitam comprovar o impacto dessas ações nos resultados e no negócio.
O verdadeiro valor da prevenção mede-se na capacidade de antecipar. E as organizações que se posicionam de forma proativa nesta matéria estão não só a cuidar melhor das suas pessoas, como a construir culturas mais sustentáveis, inclusivas e preparadas para os desafios de um mundo em constante mudança. Promover a saúde antes da doença é, afinal, um dos maiores atos de liderança que uma empresa pode assumir.




