Pequena, remota e vulnerável a crises vulcânicas, a Islândia não parecia destinada ao sucesso económico. Mas contrariando todas as expectativas, tornou-se uma das nações mais ricas do mundo em termos de PIB per capita. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país ocupa atualmente o 5.º lugar no ranking global, com um rendimento por habitante próximo dos 90 mil dólares.
Nas décadas de 1960 e 1970, a Islândia vivia quase exclusivamente da pesca, com o bacalhau a representar até 90% das exportações, revla o ‘elEconomista’. A chamada “Guerra do Bacalhau”, travada com o Reino Unido, foi um marco da defesa dos recursos marítimos que garantiram a sobrevivência da economia. Mas, nas décadas seguintes, o país apostou fortemente na diversificação. Hoje, o turismo, as energias renováveis, a produção de alumínio e um setor financeiro sofisticado assumem papéis centrais na economia islandesa.
A transformação começou com reformas estruturais profundas nas décadas de 1980 e 1990. O governo aboliu impostos sobre o património, reduziu a carga fiscal sobre empresas e ganhos de capital, privatizou empresas estatais e liberalizou o sistema bancário. Esta reconfiguração permitiu atrair investimentos, sobretudo na indústria do alumínio, impulsionada pela produção de energia 100% renovável – uma combinação de energia geotérmica e hídrica que torna a Islândia líder mundial na produção elétrica per capita.
No início dos anos 2000, o país tentou posicionar-se como centro financeiro internacional. A rápida expansão dos bancos islandeses terminou abruptamente com a crise de 2008, quando os principais bancos colapsaram sob dívidas que ultrapassavam dez vezes o PIB nacional. No entanto, a Islândia optou por um caminho singular: deixou os bancos falir sem resgates públicos, reorganizou a economia e retomou o crescimento já em 2011.
Outro motor inesperado de recuperação foi o turismo, revela a mesma fonte. Após a desvalorização da coroa islandesa, o país tornou-se um destino mais acessível e altamente procurado, com destaque para as suas paisagens vulcânicas e fenómenos naturais. Em 2023, o turismo representou 32,5% das receitas de exportação, ultrapassando a pesca (18,3%) e o alumínio (17,6%). A OCDE alerta, porém, para os desafios de sustentabilidade, defendendo a implementação de um imposto turístico e a eliminação de privilégios fiscais no setor.
Com uma economia baseada em cinco pilares – turismo, energia, alumínio, finanças e pesca – a Islândia alia inovação à equidade. O coeficiente de Gini ronda os 0,23, refletindo uma das distribuições de rendimento mais igualitárias da Europa. A taxa de desemprego é baixa, os salários reais continuam a crescer e o estado social mantém-se robusto.
As previsões do FMI são otimistas: crescimento de 1,6% em 2025 e de 2,2% em 2026, impulsionado pela retoma das exportações, aumento dos salários e estímulos monetários. Entre 2026 e 2030, a economia deverá manter um ritmo estável de crescimento anual médio de 2,4%.














