A análise de Nelson Pires, General Manager da Jaba Recordati
Este 42º barómetro da Executive DIgest reflete muito da indecisão e imprevisibilidade do mundo e da economia. O indicador de confiança dos empresários em Portugal (Índice de Clima Económico do INE) recuou no ínício do ano para 2,4 pontos (antes 2.7 pontos), interrompendo a trajetória de alta iniciada em setembro de 2024. Setores da indústria, comércio e construção subiram, mas os serviços caíram significativamente. Porque a economia mundial enfrenta um cenário incerto, com crescimento moderado, afetado por conflitos geopolíticos, tarifas comerciais dos EUA e instabilidade política. O consumo interno desacelerou para +2,8 % — contrastando com o crescimento de 3,2 % observado em 2024. Reflete a cautela dos consumidores diante das incertezas persistente e pode ocorrer o risco de deflação. Talvez por isso as taxas de poupança em Portugal cresceram +12% desde o início do ano vs o ano anterior (INE) e muito superior à média de 7,1 % de 2015–2019.
As exportações globais mantêm-se frágeis, impactadas por cadeias de abastecimento voláteis. Em Portugal, pelo contrário, observou-se uma recuperação acentuada das exportações em 2025, com picos mensais de +11,7 % e forte desempenho trimestral (+7,5 %), face a reduções em finais de 2024. Acrescido por uma baixa de desemprego de 6,4% que se mantém constante. Talvez tenhamos aqui uma oportunidade, com uma necessidade de diversificação dos mercados de destino. Os EUA são apenas o 4º mercado de exportação, atrás da Espanha, Alemanha e França. Alguns países e economias estão a recuperar, exceto a Alemanha e França, cuja recuperação é mais lenta. Em Portugal estima-se um crescimento do PIB de 2,3 % em 2025 (comparando com 1,9 % em 2024), em Espanha (o Banco de Espanha) foi reduzida a previsão de 2025 para 2,4 % (apesar do FMI manter em 2,5%) devido à guerra comercial e incertezas internacionais, mas indicando espaço para um crescimento robusto . Em França o crescimento vai abrandar significativamente, com estimativas a apontarem para apenas 0,6 % (Bruxelas). E finalmente na Alemanha, o Bundesbank prevê um crescimento praticamente nulo em 2025, com a economia a permanecer estagnada; até 2026 o crescimento poderá rondar os 0,7 %.
Finalmente, o ambiente económico está marcado por incertezas políticas, económicas, sociais, culturais. Como em tudo, existem ameaças e oportunidades. O empreendedorismo e resiliência Portuguesa, habituaram-nos a ver os problemas como oportunidades, portanto importa acelerar a implementação do PRR e parar com a burocracia latente de um estado que se tornou um “empecilho administrativo”. É preciso reformar o estado e agilizar as suas práticas. A guerra comercial entre potências e a crescente tensão internacional levam a Europa a reavaliar as suas prioridades, destacando-se a necessidade urgente de reforçar o investimento em defesa. Apesar dos desafios, a resiliência dos mercados depende agora de políticas coordenadas e de estímulos que fomentem a estabilidade e o crescimento sustentável. Para isso é necessário um estado ágil e eficiente. Reformar o estado e torná-lo mais simplificado é portanto fundamental, assim como reformar a justiça e torná-la eficiente, que são as grandes prioridades desta década!
Testemunho publicado na edição de Junho (nº. 231) da Executive Digest, no âmbito da XLII edição do seu Barómetro.














