Explicador: Qual o impacto da falência da Northvolt para a Europa?
O aumento da procura por lítio colocou a Europa perante um paradoxo: a necessidade urgente de explorar este recurso dentro das suas fronteiras para reduzir dependências externas, ao mesmo tempo que se confronta com os impactos ambientais, económicos e sociais associados à sua extração. Este dilema é evidenciado pela falência recente da Northvolt, uma das empresas mais promissoras no setor, que planeava desenvolver a maior exploração de lítio da Europa.
A falência da Northvolt expôs as fragilidades da indústria europeia de baterias e levantou questões sobre a competitividade no mercado de carros elétricos. “A Europa ainda depende de fornecedores asiáticos, enquanto empresas locais enfrentam altos custos e desafios técnicos. Com isso, a produção europeia de baterias fica mais cara, impactando o preço final dos veículos elétricos e dificultando a sua venda”, explicam os analistas da XTB”.
Além disso, as empresas chinesas estão a aumentar a sua presença no mercado europeu com carros elétricos mais acessíveis, pressionando os fabricantes locais. Para mitigar este impacto, a Europa precisa de reforçar os investimentos em infraestruturas para a produção de baterias e adotar medidas que incentivem o consumo de veículos elétricos. Nesse sentido, a União Europeia tem adotado uma abordagem protecionista, com tarifas que podem atingir até 35%, dependendo da marca.
Outro fator que tem gerado preocupações é a possível desistência da Galp no projeto de refinaria de lítio em Setúbal, desenvolvido em parceria com a Northvolt. “A eventual desistência da Galp no projeto de refinaria de lítio em Setúbal, desenvolvido em parceria com a Northvolt, poderá ter implicações significativas para o setor de baterias em Portugal e na Europa uma vez que este projeto também é uma ação estratégica para a União Europeia, visto que pretende reduzir a dependência de matérias-primas fora da Europa. O investimento seria alto e haveria a criação de vários postos de trabalho, além de posicionar Portugal como um país relevante na transição energética”.
Com o avanço das incertezas em torno da Northvolt, cresce também a dependência de fornecedores externos, nomeadamente da China, que lidera o mercado de baterias e veículos elétricos. Caso o projeto Aurora, que seria implementado em Setúbal, não avance, a competitividade europeia face à China poderá ser ainda mais enfraquecida. Este cenário comprometeria a autonomia da Europa em setores cruciais para a transição energética e a economia verde.