BYD volta a perder liderança para Tesla após queda de 42% nas vendas de elétricos
A fabricante automóvel chinesa BYD registou uma queda de 42% nas vendas, entre janeiro e março, face ao último trimestre de 2023, permitindo à norte-americana Tesla recuperar o título de líder no mercado dos veículos elétricos.
A fraca procura e o aumento da concorrência no mercado chinês reduziram as vendas da BYD para 300.114 veículos elétricos, no primeiro trimestre do ano, segundo o relatório enviado na segunda-feira à Bolsa de Valores de Hong Kong.
A empresa com sede em Shenzhen, sudeste da China, ultrapassou a Tesla nas vendas de veículos elétricos no último trimestre de 2023, quando comercializou 526.409 carros, em comparação com 484.507 vendidos pela Tesla, entre outubro e dezembro.
A Tesla anunciou no mesmo dia que vendeu 386.810 carros, nos primeiros três meses de 2024, abaixo dos 450.000 esperados, mas mais do que o seu rival chinês.
Ao incluir híbridos, juntamente com carros movidos a bateria pura e hidrogénio, a BYD registou um volume de vendas trimestral de 626.263 unidades, um aumento de 13%, em relação ao período homólogo. Foi o ritmo de crescimento mais lento das vendas desde o segundo trimestre de 2022.
Mas a Tesla também está sob maior pressão devido ao aumento da concorrência e ao envelhecimento da sua linha de produtos, algo que pode fazer com que a BYD a ultrapasse novamente nas vendas de veículos elétricos nos próximos meses.
A Tesla tem sofrido um abrandamento na China, o maior mercado de veículos elétricos do mundo, onde enfrenta uma concorrência crescente por parte dos rivais locais, muitos dos quais continuam a baixar os preços e a apresentar novos modelos.
O diretor executivo Elon Musk já avisou que o crescimento durante 2024 seria “notavelmente inferior” aos níveis do ano passado.
Embora o crescimento das vendas da Tesla tenha sido impulsionado pelos seus automóveis Modelo 3 e Modelo Y, o grupo não deverá lançar o seu próximo modelo antes do final de 2025.
A BYD reduziu os preços de quase todos os modelos da sua gama desde o início do ano sob o lema “a eletricidade é mais barata do que o petróleo”, seguida pelos seus concorrentes, incluindo a Geely e a SAIC-GM-Wuling, à medida que a guerra de preços se intensifica no maior mercado de veículos elétricos do mundo.
Li Yunfei, diretor-geral da marca e das relações públicas da BYD, afirmou numa publicação recente nas redes sociais que a empresa enfrenta “um grande confronto com os automóveis a gasolina”.
“Comprar um carro a gasolina neste momento é como comprar um pager quando os telemóveis estão já disponíveis”, disse Li, quando o grupo lançou uma nova versão dos dois modelos híbridos da marca com um preço inicial de 79.800 yuan (mais de 10.000 euros).
A iniciativa da BYD acontece num momento em que surgem sinais de abrandamento da procura na economia chinesa. Dados da Associação de Automóveis de Passageiros da China mostraram que as vendas chinesas de carros com bateria pura e híbridos, que o governo considera como “veículos de energia nova”, aumentaram 36%, no ano passado, abaixo de um aumento de 96%, em 2022.
Cui Dongshu, secretário-geral do organismo da indústria, projetou um aumento de 22% nas vendas chinesas em 2024.
Ao ganhar uma vantagem inicial com a sua cadeia de abastecimento totalmente integrada verticalmente, a BYD enfrenta agora a concorrência não só dos fabricantes de automóveis tradicionais e das empresas emergentes de veículos elétricos, mas também das grandes empresas de tecnologia que estão a tentar conquistar uma parte do enorme mercado chinês, como a Huawei e a Xiaomi.
O mercado chinês representou mais de 90% das vendas totais da BYD. Embora a China seja o maior mercado da Tesla fora dos EUA, o país contribuiu com 22% das suas receitas totais durante o seu mais recente ano fiscal.