Da competição à cooperação: como as empresas em fase inicial prosperam numa comunidade colaborativa

Opinião de Pedro Rocha, membro da equipa de liderança da Associação 351 – Comunidade Portuguesa de Startups

Executive Digest
Julho 31, 2023
14:50

Por Pedro Rocha, membro da equipa de liderança da Associação 351 – Comunidade Portuguesa de Startups

As tecnologias digitais têm provocado uma mudança significativa nas interações de empresas e startups, na forma como funcionam, na troca de informações, bem como na maneira como estas se envolvem com os setores público e privado. A competição sempre foi considerada a essência do mundo dos negócios, mas, à medida que a sociedade se torna mais globalizada, as empresas deparam-se com novos desafios, não apenas para garantir a sua sobrevivência como para alcançar a prosperidade.

Mas o que é, afinal, uma comunidade colaborativa? Como o nome indica, é um espaço no qual as empresas partilham conhecimentos, recursos e experiências, visando o crescimento coletivo. Durante décadas, as organizações, quer fossem de menor ou maior dimensão, foram habituadas a disputar clientes e ferramentas, bem como a lutar pelo seu espaço no mercado. Contudo, neste momento, estão a envergar por caminhos onde podem beneficiar, especialmente numa fase inicial, de um trabalho conjunto em prol de objetivos comuns, ao invés de se focarem em superar-se uns aos outros. A esta colaboração inter-empresas e apoio mútuo chamamos “ecossistema empreendedor”.

Este conceito ganhou popularidade em 2011, quando o termo “economia colaborativa” foi descrito pela TIME Magazine como uma das dez ideias que iriam mudar o mundo em que vivemos. Não poderia estar mais de acordo, tendo em conta que a competição excessiva pode ser prejudicial para as empresas e para a economia como um todo. Por outro lado, ao pertencerem a uma economia colaborativa, integram um espaço seguro para a partilha de ideias, de custos e recursos (reduzindo o impacto financeiro para cada uma das partes), podem ampliar a sua rede de contactos e unem-se para criar sinergias e superar desafios em conjunto, sem abdicar das suas características. Aqui, a confiança e transparência são fatores que, embora levem tempo a serem estabelecidos, são elementos-chave para preservar esta relação contratual.

No ecossistema de empreendedorismo português, existem diversas comunidades que, através das suas iniciativas, oferecem aos seus membros a oportunidade de participarem em eventos, de estabelecerem contactos com pessoas que já “deram a volta ao quarteirão algumas vezes”, e conectarem-se por intermédio da entreajuda. Estas comunidades são o exemplo perfeito desta nova abordagem ao mundo dos negócios, pois facilitam a democratização do empreendedorismo e impulsionam o crescimento da economia nacional, de uma forma mais inclusiva e sábia.

Por fim, é importante salientar que não acredito que a transição da competição para a cooperação signifique que as empresas devam abandonar a procura pela excelência e pelo seu próprio sucesso financeiro, nem prescindir dos seus objetivos individuais. Pelo contrário, a colaboração fortalece as empresas e incentiva-as a continuar a inovar, tornando-as mais competitivas e preparadas para enfrentar os desafios do mercado. Simboliza o reconhecimento de que o trabalho conjunto pode levar a resultados melhores e mais sustentáveis.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.