António Lagartixo, Deloitte: As maiores mudanças na Gestão em Portugal

1. Quais os grandes desafios ao nível da Gestão, nestes últimos 15 anos?

Os últimos 15 anos foram marcados por momentos e paradigmas de negócio muito desafiantes – desde a crise económica de 2008 à crise pandémica que ainda atravessamos – e que levaram os líderes empresariais a evoluir nas estratégias de gestão, apostando no desenvolvimento de novos produtos e serviços e na transformação digital e tecnológica.

Os desafios com que as empresas se têm vindo a deparar são mais profundos e vão além do contexto macroeconómico em que os negócios se desenvolvem. Nas últimas décadas, perante um mercado mais abrangente e competitivo, fruto da crescente globalização, a Deloitte tem apostado na inovação permanente dos serviços, que têm evoluído de forma a assegurar uma estratégia de aproximação aos modelos de negócio dos clientes.

A decisão, para um gestor, já não é apenas se melhora a eficiência e competitividade através da tecnologia, mas se sobrevive ou não a um mercado em constante transformação.

A transição digital e a integração de tecnologia em praticamente todas as componentes do mercado e da vida das empresas é uma das tendências mais marcantes dos últimos anos e que agora assume proporções mais profundas.Vemos esta tendência na oferta dos nossos serviços e no impacto positivo que está a ter nas operações dos nossos clientes. Se o mundo acelera para uma era mais digital, então temos que liderar essa transição.

A Deloitte, como integradora de serviços, tem sido um dos promotores dessa mudança ao promover a capacidade de reinvenção das principais indústrias e ao apoiar os gestores na melhoria da competitividade das suas organizações. E soubemos aplicar os mesmos princípios, de adaptação e transformação, à nossa própria organização, ao diversificar as nossas unidades de negócio e ao ampliar a nossa pool de talento, em resposta à evolução da economia e aos movimentos de mercado globais.

Apesar destas constantes mutações e desafios, há um aspecto que nunca deverá mudar: a importância da integridade e profissionalismo a que estamos obrigados para operar num mercado altamente competitivo e cada vez mais global.

2. Que principais mudanças nas empresas, e no seu sector em particular?

A Deloitte, como prestadora de serviços profissionais assume um papel muito relevante no crescimento da economia e na disrupção dos modelos de negócio das empresas em geral.

Apostamos permanentemente em acrescentar valor através do reforço da capacidade de inovação dos nossos clientes. Uma inovação permanente e que não crie apenas um novo impulso para os negócios mas que se torne a base da cultura de gestão das empresas.

A inovação não é um objectivo, é antes um caminho a percorrer, uma forma de fazer, acrescentando valor. É esta a marca distintiva em tudo o que fazemos e que colocamos em permanência nos nossos serviços ao longo dos últimos 15 anos.

A diversificação da oferta é, igualmente, uma marca que temos trazido a um mercado cada vez mais complexo. Foi muitas vezes através do aumento da complexidade das operações dos nossos clientes que a Deloitte foi abrindo novos caminhos e antecipando tendências que, com a aceleração resultante desta crise pandémica, se têm vindo a concretizar nos últimos meses, assumindo o digital um papel absolutamente estruturante nos diversos sectores e mercados.

Hoje, existe a necessidade de as empresas acelerarem o desenvolvimento de novas formas de colaboração com os stakeholders e de reinventarem a sua forma de trabalhar, aproveitando e capitalizando a tecnologia.

Na Deloitte acompanhamos estes movimentos de mudança e estamos atentos às oportunidades. A presença da Deloitte em Portugal tem vindo a crescer, e uma das áreas de maior foco é a inclusão de tecnologia em todo o tipo de serviços. Nesse contexto, ampliámos o leque de serviços, firmámos novas alianças estratégicas com players tecnológicos e criámos novas unidades de competência focadas nos mercados externos – com base nos recursos da Deloitte Portugal desenvolvemos projectos para mais de 25 países dos cinco continentes. E esta é, precisamente, uma das principais mudanças das últimas décadas: a imperiosa necessidade de incluir tecnologia em todos os serviços, alargando a nossa visão e olhar o mundo como o mercado potencial para todas as empresas nacionais.

3. Em que medida é que a Executive Digest serviu de “ferramenta” para os gestores portugueses?

Acredito que o papel dos meios de comunicação social é fundamental na sociedade em que vivemos, em especial neste novo ambiente em que proliferam as fake news. O jornalismo livre e independente, como o que é praticado pela Executive Disgest, é essencial para termos hoje um ambiente de negócios mais transparente e onde os casos de sucesso têm o devido destaque. Mais do que um meio especializado a Executive Digest tem feito escola. Uma abordagem positiva, factual e alicerçada em testemunhos de empresários e gestores que têm feito a diferença em Portugal. Nestes 15 anos de Executive Digest, vimos nas suas páginas capítulos fundamentais da realidade empresarial portuguesa. Este olhar particular da Executive Digest permite-nos ver ainda mais longe, seja através das análises ou tendências de futuro, entrevistas ou textos de opinião. Um olhar que acrescenta nitidez e verdade e que é tão essencial em momentos de crise como este que estamos agora a viver. Que o 15.º aniversário da revista Executive Digest seja motivo de esperança num futuro mais próspero e que abra novos capítulos com testemunhos de sucesso nas suas páginas.

Este artigo faz parte do Tema de Capa publicado na Revista Executive Digest n.º 181 de Abril de 2021

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