
XXIV Barómetro Executive Digest: Bernardo Corrêa de Barros, Associação do Turismo de Cascais
A análise de Bernardo Corrêa de Barros, Presidente da Associação do Turismo de Cascais
As previsões económicas da Primavera da Comissão Europeia estimam que o PIB português seja o que mais cresce em 2022, 5,8%, por duas razões: partirmos de uma base baixíssima, a queda brutal do PIB em 2020, -8,4%, e o país ter sido dos que menos dinheiro público gastou no apoio a empresas e famílias durante a pandemia; e a forte recuperação do turismo, o meu sector, em 2021 e, sobretudo, em 2022, muito impulsionado pelo desvio de turistas para a Península Ibérica pela guerra na Ucrânia. A própria Comissão Europeia prevê para 2023 quer o regresso do crescimento do PIB aos habituais 2,7%, quer a normalização do contributo do turismo para o crescimento. A indústria do turismo tem de aproveitar todas as oportunidades, mas tem de enfrentar, como o País, a sua reforma estrutural que seria inevitável com a pandemia. 45% das empresas responderam que o maior desafio que enfrentarão em 2022 serão as previsões económicas e a incerteza na procura de produtos e serviços, 38% o planeamento para cenários diferentes e 34% flexibilizar e reter talento para se adaptar. Espero que tenhamos passado a pior fase da pandemia, enfrentamos agora uma guerra com efeitos económicos pesados, seguir-se-á, no top of mind, a emergência da adaptação às alterações climáticas. E o que me impressiona são as preocupações óbvias com os preços, com os custos e a reclamação de apoios para a recuperação das empresas, mas também menos sensibilidade para o reforço dos rendimentos das famílias, quando depois se considera a redução do consumo privado, que tem alimentado o crescimento, um risco, e queremos reter talento; e ainda pouca visão a médio/longo prazo que noto na menor importância que é dada ao investimento na sustentabilidade ambiental.
Testemunho publicado na edição de Junho (nº. 195) da Executive Digest, no âmbito da XXIV edição do seu Barómetro.