A análise de Raul Neto, CEO da Randstad Portugal
Apesar de um cenário global incerto, os empresários portugueses mantêm uma confiança cautelosa: a grande maioria prevê um crescimento da atividade das suas empresas no primeiro semestre deste ano e um aumento do investimento em 2025, apesar dos custos operacionais estarem a pesar nos seus resultados.
Mas há um alerta que não pode ser ignorado: 62% veem a escassez de mão-de-obra como um dos maiores riscos para a economia. A par da queda das exportações, este é mesmo o maior desafio identificado. E aí impõe-se uma pergunta: porque é que este tema não é uma área apontada neste Barómetro como sendo prioritária para a atuação do novo Governo? A razão é a meu ver óbvia. Estamos perante um desafio estrutural, que potencialmente limita o crescimento, podendo condicionar o investimento, mesmo quando as empresas mostram vontade de avançar.
Apostar na qualificação e valorização dos recursos humanos deve ser a verdadeira prioridade. O país precisa de políticas ativas para formar perfis ajustados à economia digital e verde, acelerar a integração de jovens e migrantes no mercado de trabalho e criar condições que fixem talento. No fim do dia, não podemos esperar que apenas o governo resolva este desafio. Cabe também às empresas criarem condições que atraiam, desenvolvam e retenham talento, porque sem essa ambição partilhada, não haverá crescimento sustentável.
Testemunho publicado na edição de Junho (nº. 231) da Executive Digest, no âmbito da XLII edição do seu Barómetro.












