Vírus da herpes combinado com uma vacina pode ser tratamento inovador para cancro cerebral infantil, garantem investigadores

Atualmente, as poucas crianças que são curadas têm de se submeter a tratamentos que foram inicialmente desenvolvidos para adultos – radioterapia e quimioterapia – e são prejudiciais ao seu cérebro em desenvolvimento

Francisco Laranjeira
Maio 22, 2024
15:15

Os cientistas investigam a possibilidade de o vírus do herpes, combinado com uma vacina, poderia curar um tipo agressivo de cancro cerebral para as crianças: para crianças com gliomas de alto grau – tumores malignos – a taxa de sobrevivência em três anos é de entre 11 e 22%.

De acordo com os especialistas, os números não melhoraram em 30 anos e, atualmente, as poucas crianças que são curadas têm de se submeter a tratamentos que foram inicialmente desenvolvidos para adultos – radioterapia e quimioterapia – e são prejudiciais ao seu cérebro em desenvolvimento.

Por isso, são necessárias de forma urgente opções de tratamento mais seguras e eficazes para crianças para melhorar as taxas de sobrevivência e minimizar os efeitos secundários a longo prazo. “Crianças com tumores cerebrais agressivos precisam desesperadamente de terapias direcionadas e menos tóxicas”, relata Gregory Friedman, professor de pediatria da Universidade do Texas (Estados Unidos) e investigador principal do projeto.

“A nossa investigação demonstra que podemos preparar o sistema imunitário para atingir um tumor com uma vacina, o que aumenta então a capacidade de um vírus alterado para estimular uma resposta imunitária contra o tumor. A nossa equipa vai ajudar a desenvolver e traduzir essa abordagem, com o objetivo de tratar de forma mais eficaz os tumores cerebrais pediátricos”, frisa o académico.

Os investigadores vão utilizar um vírus herpes simplex tipo 1 geneticamente modificado para eliminar as células cancerígenas: garantem ser um vírus ideal para tumores cerebrais porque o herpes atinge naturalmente as células nervosas. O vírus é projetado para entrar nas células cancerígenas e replicar-se rapidamente, o que quebra as células e as expõe ao sistema imunológico, destruindo-as efetivamente.

O vírus já foi utilizado num pequeno ensaio de fase 1, onde foram observadas respostas ao tratamento em 11 de 12 crianças, que fez aumentar o número de glóbulos brancos que aumentam a imunidade dentro dos tumores. Agora os cientistas querem combinar o vírus com uma vacina contra o cancro chamada SNAPvax, e esperam que esta abordagem permita que a vacina prepare o sistema imunitário do corpo para atacar as células cancerígenas, bem como potencialmente sustentar os efeitos do vírus.

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