O calor extremo, que se instalou no território continental desde a semana passada, deverá intensificar-se ainda mais esta semana, pelo que pode contar com um início de agosto tórrido. A terça-feira, marcou uma subida significativa nas temperaturas, que continuarão elevadas nos próximos dias. O cenário é agravado pela ausência de precipitação, baixos níveis de humidade relativa e noites tropicais, com mínimas superiores a 20 °C — e, nalguns casos, até acima dos 25 °C.
A combinação de fatores meteorológicos adversos tem gerado um risco de incêndio muito elevado, particularmente no interior centro e sul do país, onde a vegetação seca e o vento moderado a forte contribuem para condições perigosas de propagação do fogo.
Na capital, Lisboa, os termómetros deverão rondar os 40 °C, valor invulgar para o mês de julho. Em cidades como Évora, Beja, Santarém ou Castelo Branco, as temperaturas poderão ser ainda mais elevadas. A sensação de desconforto térmico é agravada pela escassa amplitude térmica entre o dia e a noite, que dificulta o arrefecimento natural do ambiente, representando riscos acrescidos para grupos vulneráveis como idosos, crianças e doentes crónicos.
Esta quarta-feira não trará qualquer alívio: as previsões indicam a continuação de céu limpo ou pouco nublado, com vento moderado, e temperaturas elevadas de norte a sul, mesmo junto à costa. Poderá haver uma rotação do vento para noroeste, mas sem impacto significativo na redução do calor.
Na quinta-feira, prevê-se alguma nebulosidade matinal no litoral oeste, rapidamente dissipada. O vento poderá intensificar-se, mas o calor persistirá no interior, com valores muito acima da média climatológica. A água do mar deverá atingir os 20 °C, proporcionando algum alívio junto ao litoral, embora as noites continuem abafadas.
Para sexta-feira, 1 de agosto, há alguma incerteza na previsão, mas é possível uma ligeira descida das temperaturas no norte e litoral oeste, com a rotação do vento para nordeste. Ainda assim, os valores continuarão acima do normal, e o risco de incêndio deverá agravar-se, dada a progressiva secagem dos combustíveis finos e acumulados.
No sábado, as temperaturas máximas deverão oscilar entre os 32 °C e os 39 °C no interior alentejano, enquanto o litoral manterá anomalias térmicas superiores a 10 °C face à média. O padrão meteorológico deverá manter-se também no domingo, prolongando o desconforto e os riscos associados.
Nos arquipélagos, o panorama é distinto. Nos Açores, prevê-se uma semana de nebulosidade variável, com abertas e vento moderado de nordeste. As temperaturas estarão próximas da média e poderão descer ligeiramente no final da semana. Já na Madeira, o céu deverá manter-se pouco nublado, com temperaturas ligeiramente acima da média e vento forte a partir de quinta-feira.
Portugal destaca-se, neste momento, como um dos países europeus com as anomalias térmicas mais pronunciadas. A restante Europa apresenta um cenário contrastante: enquanto o calor extremo domina o sul e a Escandinávia, o centro e leste do continente enfrentam temperaturas anormalmente baixas, devido a uma perturbação atmosférica estacionária sobre os Balcãs.
Esta distribuição assimétrica acentua o impacto da onda de calor em território nacional, com mais de uma dezena de dias consecutivos de temperaturas acima da média. A população é aconselhada a adotar medidas de autoproteção, como hidratação frequente, permanência em locais frescos e evitar exposição ao sol nas horas de maior calor.
De acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), 17 distritos de Portugal Continental estão sob aviso amarelo devido ao calor extremo, até, pelo menos, 31 de julho. Faro é, para já, o único distrito fora desta lista.














