“Ultimato” de Trump à Rússia pode levar à guerra com os EUA, garante ex-presidente russo

Ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, garantiu esta segunda-feira, numa publicação na rede social ‘X’, que Donald Trump estava a jogar “ao jogo do ultimato” com a Rússia

Francisco Laranjeira
Julho 28, 2025
18:41

O ex-presidente russo, Dmitry Medvedev, garantiu esta segunda-feira, numa publicação na rede social ‘X’, que Donald Trump estava a jogar “ao jogo do ultimato” com a Rússia e que tal abordagem poderia levar a uma guerra com os Estados Unidos.

“Cada novo ultimato é uma ameaça e um passo em direção à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com o próprio país (de Trump)”, ameaçou Medvedev, lembrando que “a Rússia não é Israel ou mesmo o Irão”.

Dmitry Medvedev classificou também o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e os Estados Unidos como “antirrusso” e “humilhante” para Bruxelas. “É completamente humilhante para os europeus, já que só beneficia os Estados Unidos: elimina a proteção do mercado europeu retirando as tarifas sobre os produtos americanos”, escreveu.

O atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa também elogiou a firmeza de Trump ao promover os interesses económicos de seu país, “apesar de suas extremas contradições entre declarações e ações”. “Já é hora de que (os cidadãos europeus) tomem Bruxelas e enforquem todos os funcionários, incluindo, é claro, a velha raivosa Ursula (Von der Leyen) nos mastros das bandeiras”, declarou. “Não servirá para nada, mas pelo menos será divertido”, acrescentou.

Recorde-se que o presidente dos Estados Unidos vai dar ao homólogo russo, Vladimir Putin, entre “10 a 12 dias” para acabar a guerra na Ucrânia, caso contrário vai aplicar sanções a Moscovo.

“Estou a estabelecer um novo prazo de cerca de 10 ou 12 dias a partir de hoje. Não há razão para esperar. Não vemos qualquer progresso”, adiantou Donald Trump, a partir de Turnberry, na Escócia.

A Ucrânia saudou a decisão e “a firmeza” de Trump ao anunciar a intenção de encurtar o prazo das sanções.

“Obrigado ao Presidente [Donald Trump] por mostrar firmeza e enviar uma mensagem clara de paz através da força”, sublinhou o chefe do gabinete da Presidência ucraniana, Andri Iermak, na rede social X.

Trump acrescentou estar “muito desiludido” com Putin depois de ter anunciado a 14 de julho que ia aplicar sanções a Moscovo em 50 dias caso a Rússia não terminasse a ofensiva na Ucrânia.

Nessa mesma ocasião, o Presidente dos EUA avançou que ia enviar equipamento militar a Kiev através da NATO, incluindo sistemas de defesa aérea Patriot.

Os russos continuam a ganhar terreno na Ucrânia, tendo a terceira ronda de conversações de paz entre russos e ucranianos terminado, na quarta-feira, em Istambul, Turquia, sem progressos.

A Rússia tem feito avanços e conseguido conquistar localidades na região de Dnipropetrovsk, no centro-leste da Ucrânia.

No início deste mês, a Rússia reivindicou a tomada da primeira cidade, Dachnoye, naquela região.

O Presidente russo exige que Kiev ceda as regiões ucranianas anexadas pela Rússia e que a Ucrânia renuncie à adesão à NATO. Condições inaceitáveis para as autoridades ucranianas e para os aliados ocidentais.

A Ucrânia, por sua vez, exige a retirada total do Exército russo do território, ocupado em cerca de 20%.

Na sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu que as discussões com Moscovo sobre um futuro encontro com Putin começaram, enquanto a presidência russa (Kremlin), por sua vez, considerou tal encontro improvável nos próximos 30 dias.

A Ucrânia tem contado com ajuda financeira e armamento dos aliados ocidentais desde que a Rússia invadiu o país, em 24 de fevereiro de 2022.

Os aliados de Kiev também têm decretado sanções contra setores-chave da economia russa para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.

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