Kaja Kallas revelou esta quarta-feira os planos da União Europeia para reduzir os laços comerciais com Israel e sancionar autoridades de alto escalão pelas descobertas de abusos de direitos humanos em Gaza, marcando uma grande mudança na abordagem do bloco em relação à nação do Médio Oriente.
As medidas planeadas pela Comissão Europeia, que ainda precisam de ser aprovadas pelos Estados-membros, visam impor tarifas sobre cerca de 5,8 mil milhões de euros em produtos importados de Israel, bem como sancionar dois membros linha-dura do Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu: o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich.
Israel reagiu furiosamente às propostas, com o ministro dos Negócios Estrangeiros Gideon Sa’ar a acusar a presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, de dar poder a grupos terroristas.
“É profundamente perturbador que, ao apresentar tal proposta, esteja na prática a dar poder a uma organização terrorista responsável por e continuando a perpetrar crimes hediondos”, escreveu, numa carta revelada pela publicação ‘POLITICO’.
Como parte do pacote anunciado esta quarta-feira, a UE quer suspender cerca de 20 milhões de euros em apoio direto a vários projetos israelitas, de acordo com altos funcionários da UE. “Quero deixar bem claro. O objetivo não é punir Israel. O objetivo é melhorar a situação humanitária em Gaza”, salientou Kallas, em Bruxelas.
Von der Leyen está a mobilizar-se para impor medidas contra Israel após meses de pressão de alguns líderes da UE, grupos políticos e até mesmo funcionários da UE que assinaram cartas abertas a pedir que penalize Israel pela sua guerra em Gaza.
As tarifas e sanções propostas, que Von der Leyen sinalizou pela primeira vez em um discurso ao Parlamento Europeu na semana passada, marcam a rutura mais séria nas relações UE-Israel em décadas e reduzem significativamente um acordo de livre comércio abrangente desde o ano 2000.
Mesmo assim, se adotadas, as medidas propostas seriam mais simbólicas do que economicamente devastadoras para Israel, visando apenas 37% do total das exportações para o bloco e deixando o comércio de serviços e as transações financeiras intocados. A UE é o principal parceiro comercial de Israel.














