A Hungria vai reforçar o seu veto às sanções ao setor do gás da Rússia: de acordo com a publicação ‘POLITICO’, Budapeste opõe-se a medidas “que possam ter um impacto negativo no mercado de gás da UE”, uma posição que poderia anular o esforço da UE para condicionar as receitas do gás de Moscovo.
Nas conversas iniciais entre os embaixadores, na semana passada, Budapeste expressou reservas significativas sobre a nova proposta, recusando-se a opor-se abertamente à medida, mas deixando evidente a sua cautela. De acordo com o enviado da Hungria, o seu país bloquearia quaisquer sanções que aumentassem os custos de energia na Europa.
“Vamos analisar o pacote, mas não apoiamos nada que possa ter um impacto negativo no mercado de gás da UE”, indica o responsável húngaro durante uma reunião de diplomatas.
As sanções impediriam os países da UE de reexportarem gás natural liquefeito (GNL) russo, privando potencialmente Moscovo de lucros significativos – no entanto, não impediriam as compras de gás russo pela UE nem afetariam diretamente os interesses comerciais da Hungria.
Recorde-se que a Hungria é altamente dependente das exportações russas e há muito que se opõe a novas sanções energéticas contra Moscovo, que exigem o apoio unânime dos 27 países da UE. Budapeste recusou-se a desinvestir voluntariamente no gás russo na sequência da guerra na Ucrânia e chegou mesmo a celebrar novos acordos com a gigante estatal de combustíveis fósseis de Moscovo, Gazprom, para aumentar a oferta durante os picos de procura.
A Comissão Europeia propôs as sanções ao GNL na semana passada, marcando a sua primeira tentativa de atingir o lucrativo sector do gás de Moscovo com sanções. Este impulso representa uma mudança significativa na estratégia da UE, à medida que aumentam as evidências de que os seus esforços para reduzir as receitas dos combustíveis fósseis do Kremlin – utilizadas para financiar a guerra na Ucrânia – estão a ser insuficientes.
Até agora, Bruxelas evitou sancionar o GNL russo: França, Espanha e Bélgica têm sido os maiores centros de importação, grande parte do qual é reexportado para países como a Alemanha e a Itália. No entanto, os mercados europeus de GNL estão muito mais estáveis do que estavam logo após a invasão da Ucrânia pela Rússia, dando a Bruxelas mais liberdade para impor restrições, salienta Tom Marzec-Manser, chefe de análise de gás na empresa de inteligência ICIS.
“Vemos que o mercado global de GNL se tornará claramente mais longo a partir de 2026 – o que significa mais oferta do que procura – o que significa que há muito mais espaço para respirar e é provável que vejamos os preços a tornarem-se mais baratos a nível global”, sustenta.
Na semana passada, quando a última proposta de sanções — o 14º pacote de guerra da UE — começou a circular, a Hungria reiterou a sua oposição a visar o setor energético da Rússia. “A Hungria considera prejudiciais todas as sanções que afetam o setor energético, uma vez que limitam enormemente a competitividade europeia e conduzem a aumentos de preços e riscos de abastecimento”, referiu o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Mate Paczolay.













