À medida que se aproximam os anúncios dos vencedores dos Prémios Nobel, uma das instituições responsáveis pela atribuição levanta o alerta: a liberdade académica está em risco, sobretudo nos Estados Unidos. Segundo a agência ‘Reuters’, a Academia Real Sueca de Ciências expressou preocupação com interferências políticas no ambiente científico e educativo.
Preocupações da Academia sueca
Ylva Engstrom, vice-presidente da Academia que atribui os prémios nas áreas de química, física e economia, afirmou à ‘Reuters’ que as alterações propostas pela administração Trump são “imprudentes” e poderão provocar efeitos devastadores a curto e longo prazo no ensino e na investigação. Engstrom sublinhou que a liberdade académica é “um dos pilares do sistema democrático”.
Entre as medidas criticadas estão cortes no orçamento dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH), propostas de desmantelar o Departamento da Educação, e a imposição de limites à matrícula de estudantes internacionais nos cursos de licenciatura (máximo de 15 %). Essas decisões, segundo os críticos, comprometem a investigação e a inovação.
Impacto no mundo académico e científico
As propostas de Trump incluem ainda priorizar programas de “educação patriótica” e condicionar financiamentos a agendas alinhadas com a sua visão. A ‘Reuters’ relatou que especialistas, incluindo o laureado Simon Johnson, alertaram que tais medidas podem minar o crescimento económico e restringir avanços nas ciências naturais e biomédicas.
A administração, por seu lado, rejeita que esteja a restringir a liberdade académica, afirmando que as reformas visam cortar desperdícios e fortalecer a liderança científica dos EUA. O Governo sustentou que os ajustes serão positivos para a inovação nacional.
Vigilância internacional e desafios futuros
Depois destas críticas, a Fundação Nobel reforçou que acompanha com atenção os desafios à liberdade intelectual global, reafirmando o seu compromisso em “proteger o conhecimento” e permitir que investigadores atuem sem restrições ideológicas. Conforme revelou a ‘Reuters’, esse mecanismo de vigilância é parte da missão da instituição diante dos entraves que surgem no panorama científico.
Se as intervenções políticas persistirem, o risco é duplo: enfraquecer a posição dos EUA como potência científica e comprometer as condições sob as quais futuros laureados desenvolvem o seu trabalho – num momento em que os prémios Nobel são vistos não apenas como celebrações individuais, mas como símbolos de liberdade intelectual.














