Trump ameaça UE com tarifas de 35% se bloco não cumprir investimento de 600 mil milhões de dólares nos EUA

Trump ameaça UE com tarifas de 35% se bloco não cumprir investimento de 600 mil milhões nos EUA

Pedro Gonçalves
Agosto 5, 2025
19:02

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou esta terça-feira uma nova ofensiva contra a União Europeia ao ameaçar aplicar tarifas alfandegárias de 35% sobre os produtos europeus caso o bloco não concretize o investimento de 600 mil milhões de dólares que, segundo afirma, foi acordado com Washington. As declarações foram feitas durante uma entrevista ao canal CNBC, na qual o chefe de Estado norte-americano justificou a redução das tarifas de 30% para 15% com base nesse suposto compromisso europeu.

“Reduzi as tarifas para 15% porque prometeram investir 600 mil milhões no nosso país. Chamem-lhe o que quiserem — para mim é um presente. Podemos usar esse dinheiro onde quisermos”, declarou Trump, deixando claro que o seu governo considera o montante um trunfo estratégico para reforçar a economia dos EUA.

O pacto comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia — que entra em vigor no próximo dia 8 de agosto, com uma semana de atraso em relação à data prevista — inclui não apenas a redução das tarifas sobre os produtos europeus, mas também cláusulas ambiciosas: isenção de tarifas para certos bens, compras europeias de gás, petróleo, energia nuclear e chips de inteligência artificial avaliadas em 750 mil milhões de dólares, e ainda um incremento significativo na aquisição de equipamento militar norte-americano.

Da mesma forma, está previsto que empresas europeias invistam 600 mil milhões de dólares na economia dos EUA, valor que Trump considera essencial. O acordo prevê que o limite de 15% nas tarifas abranja os direitos aplicáveis ao abrigo da cláusula da “nação mais favorecida” (NMF). No entanto, se algum produto europeu tiver já uma taxa superior a esse valor, manter-se-á a tarifa mais alta.

Apesar do anúncio grandioso, o entendimento entre Bruxelas e Washington não é juridicamente vinculativo. E isso tem gerado incómodo e incerteza, sobretudo no seio das instituições europeias. Segundo revelou o jornal Politico, dois altos responsáveis comunitários admitiram, sob anonimato, que a União Europeia não tem mecanismos para assegurar que os 600 mil milhões serão efetivamente investidos. “Não é algo que a UE, como autoridade pública, possa garantir. Isso depende das intenções das empresas privadas”, disse um dos funcionários ao jornal norte-americano.

Esta limitação coloca em causa a viabilidade do acordo tal como foi publicamente apresentado por Trump. Embora a Comissão Europeia, liderada por Ursula von der Leyen, tenha participado no processo negocial, a concretização do investimento dependerá da confiança das empresas europeias no mercado norte-americano — algo que pode ser comprometido pelas constantes ameaças do Presidente dos EUA.

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