Trump acusa Hamas de bloquear cessar-fogo com Israel e promete alternativas para libertar reféns

Administração norte-americana retira equipa de negociações do Qatar após proposta considerada inaceitável. Presidente dos EUA acusa grupo palestiniano de falta de vontade para alcançar a paz.

Pedro Gonçalves
Julho 25, 2025
14:37

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou esta sexta-feira o Hamas de não querer chegar a um acordo para o cessar-fogo na Faixa de Gaza, nem para a libertação dos reféns israelitas ainda em poder do grupo. “O Hamas não quer fazer um acordo”, afirmou Trump em declarações aos jornalistas na Casa Branca, um dia depois de a sua administração ter decidido retirar a equipa de negociações de Doha.

A decisão foi antecipada por Steve Witkoff, enviado especial de Trump para as missões de paz no Médio Oriente, que anunciou que a administração norte-americana irá agora considerar alternativas para assegurar a libertação dos reféns e uma solução duradoura para o futuro de Gaza. “Decidimos trazer a nossa equipa de volta de Doha para consultas após a mais recente resposta do Hamas, que demonstra claramente falta de vontade em alcançar um cessar-fogo”, escreveu Witkoff na rede social X (antigo Twitter). Acrescentou ainda: “Agora iremos considerar opções alternativas para trazer os reféns para casa e tentar criar um ambiente mais estável para o povo de Gaza. É uma vergonha que o Hamas tenha agido de forma tão egoísta. Estamos firmes na busca por um fim deste conflito e por uma paz permanente.”

A estagnação das negociações surge num momento em que a situação humanitária em Gaza se agrava diariamente. A escassez de alimentos, a destruição das infraestruturas civis e os contínuos bombardeamentos têm dificultado severamente os esforços de distribuição de ajuda humanitária. Segundo as últimas informações, permanecem em cativeiro 20 reféns vivos e os corpos de outros 30 ainda retidos pelo Hamas.

Do lado israelita, as autoridades alertaram para a possibilidade de intensificarem a ofensiva militar caso o grupo palestiniano continue a recusar um acordo. No início de julho, o embaixador de Israel junto das Nações Unidas referiu em Washington que o Governo israelita irá rever os planos militares nesse cenário.

Entretanto, os planos da administração Trump para Gaza continuam a gerar controvérsia. Em fevereiro, o Presidente norte-americano defendeu que os Estados Unidos deveriam assumir o controlo da Faixa de Gaza e propôs a realocação permanente da população palestiniana, alegadamente de forma voluntária. A proposta incluiu a reconstrução total do território, promovida num vídeo gerado por inteligência artificial onde se via Trump e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de férias numa Gaza transformada em destino turístico.

David Mencer, porta-voz do gabinete de Netanyahu, confirmou a existência desse plano numa conferência com jornalistas esta semana. “O Presidente Trump apresentou uma visão inovadora para o futuro de Gaza. As pessoas que queiram sair, voluntariamente — sublinho, voluntariamente —, devem poder fazê-lo. Já há países que manifestaram interesse em receber gazenses que queiram fugir ao conflito”, afirmou.

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