“Todo-poderoso”: Antiga profecia indígena previa o aparecimento de um homem com boné vermelho que transformará os EUA

Uma antiga profecia do povo Hopi, originário do sudoeste dos Estados Unidos, tem despertado novo interesse após ser novamente discutida em programas de rádio e podcasts norte-americanos.

Pedro Gonçalves
Outubro 18, 2025
13:00

Uma antiga profecia do povo Hopi, originário do sudoeste dos Estados Unidos, tem despertado novo interesse após ser novamente discutida em programas de rádio e podcasts norte-americanos. Segundo os relatos, o texto ancestral prevê a chegada de uma figura misteriosa conhecida como o “Verdadeiro Irmão Branco”, um homem “todo-poderoso” identificado por um “boné vermelho” ou um “manto vermelho”, destinado a transformar o destino da América e, possivelmente, do mundo inteiro.

A profecia, que se acredita ter vários séculos, é parte do vasto legado espiritual dos Hopi, uma das comunidades indígenas mais antigas e espiritualmente complexas da América do Norte. A tradição oral da tribo descreve uma sucessão de quatro mundos — sendo este o quarto e último — e prevê um período de caos, corrupção e destruição ambiental, seguido por uma era de purificação e renascimento, conhecida como a “Grande Purificação” ou “Terceiro Abalo”.

Um aviso levado até às Nações Unidas
O texto ganhou projeção internacional em 1992, quando o ancião espiritual Thomas Banyacya apresentou a profecia à Organização das Nações Unidas. Na ocasião, Banyacya alertou que o mundo enfrentaria tempos de grande turbulência e rápida transformação tecnológica, período durante o qual surgiria um indivíduo de grande poder, “portador de um chapéu vermelho”, que desempenharia um papel decisivo no rumo da humanidade.

“Fomos informados de que três auxiliares enviados pelo Grande Espírito ajudariam o povo Hopi a trazer uma vida pacífica à Terra”, explicou Banyacya no seu discurso. “Temos esperado todos estes anos por esses ajudantes.”

O “boné vermelho” como símbolo de poder e transformação
A simbologia do “boné vermelho” reapareceu recentemente num episódio do SundayCool Podcast, dedicado a histórias misteriosas e teorias espirituais. Um dos apresentadores, Josh Hooper, leu a profecia em direto, destacando que “o Verdadeiro Irmão Branco, quando chegar, será todo-poderoso e usará um boné ou manto vermelho”.

Durante o episódio, Hooper exibiu uma fotografia do presidente norte-americano Donald Trump com o seu característico boné vermelho da campanha “Make America Great Again” (MAGA), sugerindo, em tom especulativo, que poderia tratar-se da figura descrita na antiga tradição Hopi. “Ele será de um povo numeroso e não pertencerá a religião alguma senão à sua própria”, acrescentou o anfitrião, observando ainda que, segundo a profecia, o líder será acompanhado por “dois ajudantes sábios e poderosos”.

De forma igualmente conjectural, Hooper identificou esses “ajudantes” como o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, e o empresário Elon Musk. A hipótese surgiu após o apresentador observar que um dos símbolos referidos na profecia — o moja, traduzido como cruz — poderia, segundo ele, representar o “X”, numa aparente alusão à rede social de Musk, anteriormente conhecida como Twitter.

A visão Hopi sobre o fim do Quarto Mundo
De acordo com os ensinamentos Hopi, a humanidade vive atualmente no “Quarto Mundo”, o último antes da transição para uma nova era de harmonia — o “Quinto Mundo”. Essa passagem, contudo, só ocorrerá após uma fase de provações e purificação espiritual.

A profecia prevê que o “Verdadeiro Irmão Branco” surgirá precisamente neste período de desequilíbrio global, para orientar a humanidade num caminho de reconciliação com a natureza e com o Grande Espírito, Massauu.

Se os três auxiliares falharem na sua missão, o texto adverte que “uma figura vinda do Oeste” aparecerá “como uma tempestade poderosa”, espalhando destruição “como um enxame de formigas vermelhas”. Porém, se “mesmo um, dois ou três dos verdadeiros Hopi” permanecerem fiéis aos ensinamentos antigos, “o Grande Espírito aparecerá e o mundo será salvo”.

Um ensinamento espiritual, não uma profecia literal
Os anciãos Hopi sempre afirmaram que estas palavras devem ser entendidas como um guia espiritual e moral, e não como uma previsão literal de figuras políticas contemporâneas. O “Verdadeiro Irmão Branco”, explicam, representa o equilíbrio, a sabedoria e o retorno à harmonia universal — não um indivíduo específico.

A mensagem final da profecia é uma de esperança: quando a humanidade aprender novamente a viver em respeito e partilha, “a Terra florescerá, os animais regressarão e os alimentos serão abundantes”. Nesse futuro ideal, diz o texto, “os que forem salvos partilharão tudo de forma igual, reconhecerão o Grande Espírito e falarão uma só língua”.

O povo Hopi, que habita a região nordeste do Arizona, junto ao Deserto Pintado, há séculos preserva estas histórias através da tradição oral e da arte rupestre. As suas profecias continuam a inspirar reflexão sobre o papel da humanidade no equilíbrio do mundo natural — e sobre o significado simbólico das lideranças que surgem em tempos de crise.

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