
«Temos de dar tudo por tudo para salvar vidas», diz António Costa
O primeiro-ministro, António Costa, falou em entrevista à SIC, nesta segunda-feira.
«Este é de facto um dia triste mas é um dia que demonstra que temos de ir enfrentando este desafio, conscientes que temos de dar tudo por tudo, mas também preservar a vida», começa assim a resposta de António, quando questionado sobre a situação actual do país.
O primeiro-ministro defende que é importante nesta fase ter cuidados básicos, lavar as mãos, evitar contactos, mas não deixar de continuar activos, «temos de nos manter em funcionamento», refere dizendo que os portugueses têm cumprido esse lema com «grande sentido de responsabilidade».
Relativamente a uma possível declaração de estado de emergência, António Costa defende que a mesma é «extremamente grave» e muitas das pessoas «não têm consciência do que significa».
«O estado de emergência não é decretado desde 1975, é extremamente grave porque implica a suspensão de um leque vasto de liberdades e garantias», afirma o primeiro-ministro, referindo que para já não sente necessidade de impôr uma restrição tão forte, contudo afirma que o governo estará ao lado de Marcelo Rebelo de Sousa, se a sua decisão for a de avançar com o estado de emergência.
Ainda relativamente à aplicação de leis mais rígidas, António Costa considera que se vive «numa sociedade democrática», onde o governo «intervém no que é extremamente essencial» e na sua opinião, os portugueses têm cumprido com todas as recomendações, não vendo necessidade de outras legislações.
António Costa considera ainda que «a decisão do Presidente da República de se colocar em quarentena foi particularmente inspiradora».
Quando questionado sobre o reforço de equipamentos, nomeadamente ventiladores, quando segundo o próprio primeiro-ministro «ainda não existe carência», António Costa diz que o reforço deve-se ao facto de vivermos «uma situação anormal», para a qual deve existir uma preparação.
«É preciso ter noção que o vírus é novo, com muita incerteza» ao seu redor e muitas teorias, pelo que é necessário «estar sempre a prever o imprevisto».
Em relação à limitação de fronteiras entre Portugal e Espanha, António Costa considera que os dois países «deram um grande exemplo», porque o fizeram «de forma organizada, coordenada e com mútuo acordo».
No que diz respeito ao impacto do vírus na economia do país, o primeiro-ministro refere que «estamos a adoptar medidas para assegurar sectores como o turismo, mas também para que cadeias de distribuição continuem a funcionar».
Apesar da situação ser grave e ser necessário «olhar para o futuro com alguma preocupação» António Costa diz que actualmente o país está «em vantagem por estarmos numa situação de equilíbrio em que não nos encontrávamos há quatro anos». Reforça ainda que os bancos «devem assumir uma função de grande responsabilidade social».
De recordar que Portugal decretou estado de alerta na sexta-feira, devido à propagação do novo coronavírus. Os estabelecimentos de ensino encontram-se encerrados e alguns trabalhadores têm optado pelo tele-trabalho, ou para ficar a tomar conta dos filhos, ou por questões de segurança e contenção da propagação do vírus, tal como recomendado pela Direção Geral de Saúde (DGS).
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reúne-se nesta quarta-feira para deliberar se vai ou não declarar estado de emergência nacional.
O país regista actualmente 331 casos de infectados por Covid-19 e uma vítima mortal confirmada nesta segunda-feira pela DGS, números com tendência para aumentar, se seguirem o panorama dos últimos dias.