O que esperar de 2024?: Rodolfo Florit Schmid, SIVA Portugal
Testemunho de Rodolfo Florit Schmid, Managing diretor da SIVA Portugal (Porsche Holding)
1. Que alterações perspectiva que possam vir a impactar o seu sector em 2024?
Temos vários desafios pela frente, fruto do enquadramento económico e que resultam da quebra na procura, da perda do poder aquisitivo das famílias devido à inflação, ao aumento das taxas de juros, do crédito habitação, bem como a redução da confiança dos consumidores numa evolução económica nos tempos mais próximos. Temos ainda um maior custo das matérias-primas, com um incremento dos custos de produção dos automóveis, necessário para o cumprimento das novas regulamentações em termos de emissões.
Por outro lado, a continuação do processo de electrificação a níveis superiores a 20% do mercado e o acompanhamento das infra-estruturas, assim como a mudança do mindset dos consumidores, ou a entrada no mercado de novos concorrentes com preços bastante atractivos, são temas aos quais não podemos ficar indiferentes durante 2024.
Como desafios positivos, destaco a normalização da produção e a disponibilidade de produto, que foi um tema que impactou muito o sector automóvel no último ano e que acreditamos que em 2024 retomará à normalidade, o efeito dinamizador do programa de abate de veículos que está a ser considerado no Orçamento de Estado, fundamental para que possa haver uma mudança do envelhecido parque automóvel nacional e que a digitalização, assim como a inteligência artificial, tragam também mais oportunidades nesse sentido – seja para contribuir para a mudança de mindset do consumidor, para uma maior conectividade, para os incentivos relacionados com veículos eléctricos, ou o alargamento da rede de postos de carregamento.
2. E para a sua empresa em particular, quais os maiores desafios?
Todos os factores que afectam o sector automóvel, afectam também a SIVA|PHS. Na SIVA|PHS temos uma estratégia de crescimento sustentável para todas as nossas marcas, onde dinamizamos a procura e facilitamos o acesso a soluções integradas à compra das nossas marcas e automóveis. Com esse propósito, desenvolvemos produtos financeiros que permitam aos nossos clientes, usufruir e adquirir produtos e serviços integrados, através de rendas mensais competitivas.
Para além disso, os nossos concorrentes entraram recentemente no mercado com novas propostas de produto e preço, o que também nos permitiu dar uma resposta em conformidade e que se traduz num momento muito positivo para as nossas marcas, com uma grande ofensiva de produto e onde são esperados, para 2024, mais de 30 lançamentos – entre produtos eléctricos, electrificados e de combustão interna, mais tecnológicos, eficientes e com menor impacto ambiental.
Por outro lado, vamos continuar a apostar na nossa rede de concessionários, reforçando a mesma com investimento, formação e sistemas e tendo o serviço ao cliente como uma prioridade. Tudo isto vai permitir uma experiência omnicanal, que permite ao cliente passar da experiência física nos nossos concessionários para uma dimensão digital de forma simples e eficiente.
A digitalização e a inteligência artificial vão ser uma fonte que nos permitirá explorar a eficiência desses processos, ajudando-nos a estar mais perto dos nossos clientes e a assegurar melhores soluções de mobilidade.
Por fim, a sustentabilidade é uma prioridade para a SIVA|PHS, pelo que um dos outros desafios para este ano é implementar cada vez mais medidas que nos permitam reduzir a nossa pegada carbónica e ambiental.
Abordaremos os desafios que 2024 nos traz com a confiança de estarmos preparados para os mesmos, mas também dispondo da flexibilidade e agilidade para nos adaptarmos às incertezas com que iremos, certamente, nos defrontar.
3. Atendendo ao actual contexto, que expectativas a nível macroeconómico para Portugal?
Os indicadores de crescimento económico, como a inflação e taxas de juros, ou a confiança do consumidor, indicam uma evolução macroeconómica desafiante. O enquadramento geopolítico internacional pode derivar novamente numa instabilidade económica forte e num incremento da inflação, como já pudemos constatar através do aumento de custos dos fretes marítimos.
No nosso país, o enquadramento macroeconómico não é muito distinto. O contexto de incerteza e mudança política que se vive actualmente, também não ajuda, já que vai consumir a energia que teríamos que dedicar a desenhar políticas económicas mais ajustadas à realidade e às necessidades da na nossa própria economia.
É o momento onde esperamos ver um novo governo com coragem de abordar estes temas e de implementar políticas económicas e sociais que permitam enfrentar estes problemas de raiz. E dar resposta rápida para todos aqueles que possam surgir ao longo do ano.
Melhorar e simplificar o sistema tributário e reduzir o excessivo peso fiscal que recai sobre os portugueses, tem que ser uma prioridade para dinamizar a economia.
Em particular para nosso sector, implementar rapidamente um programa ao abate do parque automóvel – que em Portugal tem uma média de 14 anos – que seja simples, eficiente e que permita abranger o máximo dos consumidores. Só desta forma conseguiremos trazer dinamização económica e reduzir fortemente a pegada ambiental, assim como uma maior presença de tecnologia de assistência à produção, garantindo a própria segurança de todos.
Testemunho publicado na revista Executive Digest nº 214 de Janeiro de 2024