A União Europeia e os Estados Unidos continuam a ultimar os pormenores de um acordo comercial que visa evitar uma escalada nas tensões económicas entre os dois blocos, mas Bruxelas admite que, caso não haja publicação formal até esta sexta-feira, os Estados Unidos deverão aplicar tarifas aduaneiras de 15% a produtos europeus.
A confirmação foi dada esta quinta-feira por Olof Gill, porta-voz do executivo comunitário para os assuntos do Comércio, durante a conferência de imprensa diária em Bruxelas. “Os negociadores da UE e dos Estados Unidos estão, tal como acordado, a trabalhar para finalizar a declaração conjunta, com base no acordo alcançado entre os presidentes von der Leyen e Trump”, afirmou.
Apesar de reconhecer que o texto oficial ainda não está totalmente concluído, Gill foi taxativo quanto ao que se espera nas próximas horas: “É do entendimento claro da União Europeia que os Estados Unidos aplicarão o limite máximo acordado de 15% para todas as taxas pautais”.
Uma descida face à ameaça de 30%
Recorde-se que, no início de julho, o presidente norte-americano Donald Trump ameaçou aplicar tarifas de 30% a um vasto leque de produtos europeus, num novo episódio de tensões comerciais que já se arrastam desde março. No entanto, a UE conseguiu negociar uma redução desse valor para 15%, garantindo também que setores considerados estratégicos — como semicondutores, componentes aeroespaciais e determinados produtos farmacêuticos — fiquem isentos destas taxas.
“Teremos o desagravamento pautal imediato que tanto nos esforçámos por conseguir”, sublinhou Olof Gill, acrescentando que isso proporciona “uma posição muito mais forte de estabilidade e previsibilidade para as empresas e os consumidores da UE”.
O porta-voz reiterou que “os Estados Unidos assumiram estes compromissos e cabe agora aos EUA implementá-los. A bola está do seu lado”.
Bruxelas mantém pacote de retaliação pronto a ser ativado
Apesar dos sinais positivos, o acordo entre Bruxelas e Washington permanece, para já, apenas em estado preliminar. Sem uma publicação oficial e definitiva do documento, a Comissão Europeia ainda não retirou da mesa o pacote de retaliação orçado em 93 mil milhões de euros, aprovado há precisamente uma semana.
“Se tudo correr como esperamos que corra, é claro que suspenderemos as tarifas de retaliação. Se chegarmos a um acordo, não precisamos das tarifas de retaliação”, garantiu Gill.
O acordo alcançado no domingo passado, em conversações entre Ursula von der Leyen e Donald Trump, vai muito além das tarifas comerciais. A UE compromete-se a comprar energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares (cerca de 642 mil milhões de euros), bem como a investir mais 600 mil milhões de dólares (cerca de 514 mil milhões de euros) na cooperação bilateral.
Está também previsto um aumento significativo das aquisições de material militar norte-americano por parte dos países europeus, numa aproximação estratégica que visa reforçar a aliança transatlântica, num contexto de crescente instabilidade geopolítica.














