‘Sugar’ a poluição do carbono do ar, transformá-lo em bicarbonato de sódio e armazená-lo nos oceanos: cientistas propõem solução para reduzir pegada ambiental

Tirar a poluição de carbono do ar, transformá-la em bicarbonato de sódio e armazená-la nos oceanos: a técnica, segundo os cientistas, pode ser até três vezes mais eficiente do que a tecnologia atual de captura de carbono, revelaram os autores do estudo publicado na passada quarta-feira na revista científica ‘Science Advances’.

Enfrentar a crise climática significa significa reduzir drasticamente a queima de combustíveis fósseis – no entanto, é improvável que sejam reduzidas de forma suficiente as emissões num futuro próximo, pelo que os cientistas garantem agora ser preciso removê-la do ar. A natureza faz isso – as florestas e os oceanos são valiosos depósitos de carbono – mas não com a rapidez suficiente face às emissões da humanidade.

Um método proposto é a “captura direta do ar”, o que envolve ‘sugar’ a poluição diretamente da atmosfera e depois armazená-la, muitas vezes injetadas no solo. O problema é que a captura direta do ar prende-se com a densidade do dióxido de carbono: apesar de muito potente para o aquecimento do planeta, o CO2 tem uma concentração muito pequena – representam cerca de 0,04% do ar, pelo que removê-lo diretamente é desafiador e caro.

É um “obstáculo significativo”, referiu Arup SenGupta, professor da Lehigh University, dos Estados Unidos, e autor do estudo, em declarações à ‘CNN: mesmo as maiores instalações só conseguiriam remover quantidades relativamente pequenas. O projeto de remoção direta de ar da Climeworks, na Islândia, é a maior instalação, de acordo com a empresa, e pode capturar até 4 mil toneladas de dióxido de carbono por ano, equivalente à poluição de carbono produzida por menos de 800 carros ao longo de um ano.

Mas a nova técnica apresentada no estudo pode ajudar a resolver esses problemas, referiu SenGupta. A equipa usou cobre para modificar o material absorvente utilizado na captação direta de ar. O resultado é um absorvente “que pode remover o CO2 da atmosfera em concentração ultradiluída com uma capacidade duas a três vezes maior do que os absorventes existentes”, referiu o responsável, salientando que o material pode ser usado de forma fácil e barata e ajudaria a reduzir os custos da captação direta do ar.

Uma vez capturado, pode ser transformado em bicarbonato de sódio, com a utilização de água do mar e libertado no oceano numa pequena concentração. Os oceanos “são coisas infinitas”, referiu SenGupta. “Se se colocar todo o CO2 da atmosfera, emitido todos os dias, no oceano, o aumento da concentração seria muito, muito pequeno.”

Mas há dificuldades: “O despejo de grandes toneladas de bicarbonato de sódio no oceano pode ser legalmente definido como despejo, o que é proibido por tratados internacionais”, referiu um responsável. Para SenGupta a tecnologia está pronta para ser retirada do laboratório e testada. “Esta é a hora de seguir em frente e fazer algo em talvez dois ou três lugares diferentes ao redor do mundo. Deixe que se envolvam outras pessoas, encontrem falhas, melhorem e prossigam de acordo”, finalizou

Ler Mais



loading...

Deixe uma resposta

Seu endereço de email não será publicado.