A série de animação norte-americana South Park está de volta e, como é habitual, não poupou alvos. No mais recente episódio, intitulado “Got a Nut” e que será exibido hoje, os criadores Trey Parker e Matt Stone voltaram a colocar o ex-presidente Donald Trump no centro das atenções, juntamente com o Departamento de Imigração e Controlo de Alfândegas dos Estados Unidos (ICE) e a atual secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, apelidada por alguns críticos de “Barbie do ICE”.
O episódio, que será hoje emitido no canal Comedy Central e disponível a partir de amanhã na plataforma Paramount+, foi precedido por um teaser que rapidamente se tornou viral, ultrapassando o milhão de visualizações no YouTube em poucas horas. Nele, Donald Trump aparece sentado num jantar formal ao lado da personagem Satanás — figura recorrente na série — enquanto passa a mão na coxa do diabo, numa cena que gerou reações indignadas da ala conservadora.
O enredo do episódio envolve uma operação do ICE na fictícia cidade de South Park, no Colorado, onde os agentes do organismo aparecem numa paródia exagerada da sua atuação. Um dos momentos mais comentados nas redes sociais foi a imagem do conselheiro escolar Mr. Mackey vestido de agente do ICE, ao lado de uma personagem que se assemelha a Kristi Noem. A sátira provocou reação imediata do Departamento de Segurança Interna (DHS), que respondeu através da rede social X (antigo Twitter), partilhando uma imagem retirada do teaser e promovendo o recrutamento para a agência.
A equipa de South Park não tardou em reagir. Num comentário irónico, respondeu diretamente ao DHS: “Espera… então afinal somos relevantes?” — uma clara alusão às críticas recentes da Casa Branca, que afirmou que a série “não é relevante há mais de 20 anos”.
Casa Branca condena episódio anterior
Esta não é a primeira vez, nesta nova temporada, que a série ataca diretamente Trump. O episódio inaugural, “Sermon on the Mount”, transmitido a 23 de julho, também retratava o ex-presidente na cama com Satanás, que o confrontava sobre a chamada “lista Epstein” — referência ao escândalo em torno do milionário Jeffrey Epstein. O episódio alcançou uma audiência recorde de 5,9 milhões de telespectadores, o maior número desde 1999 para uma estreia da série.
A resposta oficial da Casa Branca foi dura. A porta-voz Taylor Rogers acusou os criadores de South Park de representarem “a hipocrisia da esquerda” e de carecerem de “conteúdo autêntico ou original”, acrescentando que essa seria a razão pela qual “a sua popularidade continua a cair a pique”. No entanto, os números de audiência desmentem essa narrativa.
Durante uma aparição na Comic-Con, Trey Parker respondeu com sarcasmo às críticas: “Estamos profundamente arrependidos,” declarou com ironia, num tom monocórdico, sublinhando o estilo provocador que caracteriza a série desde a sua estreia em 1997.
Este regresso mediático de South Park insere-se num novo ciclo da série após um contrato de 1,5 mil milhões de dólares assinado com a plataforma Paramount+, que garantiu a continuidade da produção e a distribuição de novos episódios e especiais. A 27.ª temporada promete manter o estilo irreverente, com críticas diretas à política norte-americana — e, particularmente, à figura de Donald Trump, agora de novo no centro do poder como presidente.
Além da política interna, os episódios mais recentes abordam temas como a imigração, o autoritarismo e a manipulação mediática, fazendo de South Park uma plataforma satírica que continua a provocar reações intensas — tanto de fãs como de detratores.
South Park's epic season continues on Wednesday, August 6 at 10/9c on Comedy Central and next day on Paramount+. pic.twitter.com/zLMHM9J4aP
— South Park (@SouthPark) July 29, 2025












