A diversidade e a inclusão de profissionais nas organizações são temas cada vez mais presentes no universo empresarial e, ao longo dos anos, tem-se assistido a uma evolução positiva deste paradigma.
Em entrevista à Executive Digest, Sandra Lourenço, Partner e CEO da Your People, dá a conhecer a realidade das organizações portuguesas no que respeita à diversidade e inclusão, o que está a ser feito e qual o papel da liderança neste processo.
Como analisa o cenário de inclusão nas organizações portuguesas?
Devido à obrigatoriedade das quotas, denota-se cada vez mais uma preocupação por parte das empresas em implementarem programas de empregabilidade inclusiva. As empresas têm procurado integrar colaboradores com características diferentes, ainda que exista um receio em dar este passo, sobretudo em relação à aceitação das lideranças, na medida em que procuram perceber se a cultura da empresa está preparada para este tipo de mudança.
Quais as medidas de inclusão que devem ser adotadas por empresas no momento de contratação de novos colaboradores?
É importante as empresas criarem programas de inclusão e diversidade, com o propósito de integrarem colaboradores com características diferentes, mas perfeitamente capazes de contribuir para o aumento da produtividade da empresa, à semelhança de qualquer outro colaborador.
Para que isso aconteça, é fundamental sensibilizar todos os colaboradores para a importância da empregabilidade inclusiva, potenciando a criação de uma cultura inclusiva. Dotar os managers e chefias diretas de boas práticas de liderança inclusiva. Treinar a direção de RH, nomeadamente a equipa de recrutamento e seleção, de mecanismos de implementação e de acompanhamento do processo de empregabilidade inclusiva.
Estarão as empresas portuguesas capacitadas, tanto ao nível da tecnologia como ao nível da adaptação do trabalho?
Sinto que as empresas devem aumentar a sua consciência em relação aos benefícios de terem equipas diversas e, por isso, geradoras de maior produtividade, acreditando que uma incapacidade ou diferença não traduz a identidade ou competência do colaborador.
É fundamental ver para além da diferença, procurando avaliar estes colaboradores pelas suas competências e motivações, garantindo que a empresa reúne as condições necessárias de acessibilidade e de posto de trabalho para o desempenho eficaz das suas funções. Em suma, as empresas e os seus líderes precisam de percecionar estas pessoas como potenciais talentos, que com as ferramentas adequadas poderão ser tão ou mais produtivos como qualquer outra pessoa sem deficiência.
E qual o papel das lideranças neste âmbito? O que pode (e deve) fazer um líder para promover uma cultura inclusiva?
O papel da liderança é fundamental em todo o processo, na medida em que os líderes devem dar o exemplo e serem agentes de mudança em relação à normalização desta temática.
Os líderes devem ter consciência de que uma incapacidade ou diferença não traduz a identidade ou competência do colaborador, conseguindo ter mente aberta para avaliarem isentamente as suas competências, reconhecendo que a diversidade é uma fonte de crescimento e mudança na empresa.
O que deve ser feito pelos líderes não só para atrair, como também incluir talento numa cultura inclusiva?
Sinto que as empresas devem aumentar a sua consciência em relação aos benefícios de terem equipas diversas e, por isso, geradoras de maior produtividade, acreditando que uma incapacidade ou diferença não traduz a identidade ou competência do colaborador.
É fundamental ver para além da diferença, avaliando estes colaboradores pelas suas competências e motivações, garantindo que a empresa reúne as condições necessárias de acessibilidade e de posto de trabalho para o desempenho eficaz das suas funções.
Em suma, as empresas e os seus líderes precisam de percecionar estas pessoas como potenciais talentos que são, que com as ferramentas adequadas poderão ser tão ou mais produtivos como qualquer outra pessoa sem deficiência.
Está em vigor uma lei que obriga as empresas com mais de 100 trabalhadores a integrar pessoas com deficiência. É suficiente este esforço do Governo? O que mais podia ser feito?
Para além da obrigatoriedade das quotas, era fundamental desenvolver incentivos para a formação e integração deste tipo de colaboradores.
A formação permite sensibilizar os colaboradores da empresa para os benefícios de uma cultura inclusiva, treinando um conjunto de comportamentos e boas práticas que permitam que o colaborador se sinta bem acolhido e integrado na equipa.
É fundamental normalizar estas situações, termos consciência que o nosso comportamento deve ser orientado para a inclusão, incorporando-a no dia a dia, nas equipas e no ambiente de trabalho, como um todo. A inclusão é uma realidade atual e incontornável, geradora de mais negócio, de oportunidades financeiras, além de evidentes vantagens competitivas.
Que projetos têm sido desenvolvidos pela Your People no âmbito da inclusão no mercado do trabalho?
A Your People e Associação Salvador estabeleceram uma parceria com o objetivo de criar uma oferta diferenciadora de empregabilidade inclusiva, como resultado da experiência das duas entidades na área da inclusão e responsabilidade social.
A oferta Choose2include atua ao nível do recrutamento e seleção e em programas de desenvolvimento de competências que promovam a criação de culturas organizacionais inclusivas. A nossa oferta tem o propósito de ser geradora de igualdade de oportunidades de trabalho, bem como do desenvolvimento de competências e progressão da carreira profissional, através da criação de uma cultura inclusiva que permita uma integração sólida e consistente dos colaboradores.
Temos trabalhado com várias empresas de referência na área dos Serviços, Distribuição, Saúde e Banca na promoção de programas de Diversidade e Inclusão, apresentando resultados muito positivos na captação e retenção de talento nesta área.
E quais os objetivos para o futuro?
Além das ações de formação que estão contempladas na nossa oferta Choose2Include, pretendemos promover alguns momentos de partilha de experiências entre empresas, permitindo dar a conhecer as boas práticas das empresas que já as praticam e sensibilizar/capacitar aquelas que, por diversas razões, ainda não o fazem














