Silos de dados não geram resultados

Por Solange Sobral, EVP Partner of Operations, CI&T

Qualquer empresa, independentemente da área em que opera, pode beneficiar de dados – contudo, apenas se adotar um processo adequado de análise dos mesmos. Como sabemos, não há falta de dados – por exemplo, uma investigação da IBM demonstra que uma única fábrica com cerca de 2 mil equipamentos de IoT poderia gerar 2.2 mil terabytes de dados num mês. Em paralelo, projeções da McKinsey & Company indicam que, comparando com o momento atual, o mundo consumirá até 20 vezes mais dados até 2030.

Mesmo com a promessa do mundo de possibilidades que os dados nos trazem, não adianta ter acesso a uma quantidade enorme de inputs se não soubermos geri-los corretamente. Assim sendo, as empresas não apenas devem investir em ferramentas capazes de “encontrar uma agulha num palheiro” entre a vastidão de dados, mas também em profissionais especializados nesse tipo de análise.

Mas não ficamos por aqui porque, ainda que as ferramentas adequadas e uma equipa de especialistas sejam essenciais para a estratégia de inteligência analítica, essa combinação, por si só, não gera impacto para as empresas e seus clientes – porque não os conduz a extrair todo o potencial que os dados podem proporcionar aos negócios.

Não basta ter dados à disposição – é preciso saber analisá-los

De acordo com a Sigma Computing, 39% dos especialistas em gestão de empresas não sabe o que significa ser orientado por dados, e 76% dos especialistas em dados afirma que metade do seu tempo é gasto a gerar relatórios para as demais equipas – ou seja, perde-se tempo precioso, mas a geração de valor é limitada.

É preciso aliar a inteligência de negócios à interpretação de dados para que estes se tornem um ativo efetivamente capaz de levar à ação e a tomadas de decisão informadas. Quanto mais facilmente os líderes das empresas entenderem o que os especialistas de dados conquistam com os seus métodos, mais rápida será a ativação de valor dos dados.

O objetivo da maioria das empresas é gerar insights de solução e impacto para os seus negócios e clientes. Porém, para chegar lá, é preciso ouvir os clientes e entender as suas necessidades, bem como acompanhar os movimentos do mercado através da análise de dados – e depois transformar a teoria em prática, integrando data analytics nas operações.

Considerando a velocidade das mudanças que estamos a viver, perder o timing para utilizar a informação que recolhemos significa, muitas vezes, também perder competitividade perante outras empresas munidas da agilidade necessária.

A importância de integrar a análise de dados nas operações

A integração de data analytics nas operações é, portanto, a chave para se ser ágil na criação de impacto e na entrega de experiências surpreendentes aos clientes. A inteligência de negócios – e especialmente o conhecimento dos clientes – amplia o potencial dos dados e promove, de facto, os resultados.

Contar com especialistas de dados em todas as frentes estratégicas das quais se espera alto impacto e resultados é crucial num cenário em que se necessita urgentemente de diferenciação e competitividade. Estes profissionais são mais uma peça fundamental na montagem das equipas multidisciplinares.

Contudo, se a equipa de data analytics estiver isolada das restantes, não terá uma visão clara de como a própria empresa e as suas várias áreas podem beneficiar dos dados e informações encontradas. A realidade de cada contexto, bem como a sua dinâmica de mudanças, vai originar relatórios inteligentes capazes de suportar e transformar os negócios.

O impacto que dados podem trazer aos negócios não vem apenas de ferramentas inteligentes, ou de contar com uma equipa fantástica de cientistas de dados. Os verdadeiros resultados vêm da integração destas ferramentas e destes especialistas nas operações.

Em suma, sobreviver no mercado atual requer um entendimento rápido do contexto envolvente e velocidade de reação e adaptação às mudanças. Ter uma equipa capaz de lidar com o seu principal ativo – os dados –, bem como com ferramentas que suportam os processos de decisão das equipas integradas e multidisciplinares, pode ser decisivo para as empresas que desejam posicionar-se na (ou manter a) liderança no seu setor.